quarta-feira, dezembro 22, 2004

12 decisões para o Novo Ano


IV – Como não cuspir para o chão

Basicamente, o segredo é manter a saliva na boca, não a dispersando pelos arredores, seja na forma de chuveiros de perdigotos supersónicos, seja na de densas e sonoras cuspidelas para o chão.
Outro traço do comportamento quotidiano nacional, a bela escarradela é motivo de admiração para quem nos visita (leiam este testemunho) e tem outros hábitos de conduta, para não dizer de higiene.
Há um século, ou mesmo meio século, era um problema de Saúde Pública porque funcionava como agente propagador da tuberculose (ver detalhes nesta página) e, por isso mesmo, se tentou erradicá-lo à custa de coimas.
Mas isso foi no tempo da Outra Senhora.
E, com o advento da Democracia, o direito à cuspidela voltou como conquista de Abril arrancada às trevas do fascismo.
E nas nossas ruas lá voltou o som do escarro bem puxado à rectaguarda, seguido do silvo do lançamento, mais o splash do impacto na calçada, para não falar da perdigotagem em redor e do efeito profundamente estético no chão.
O que, digam o que disserem, está errado.
Arranjem pacotinhos de lenços de papel (são baratos...) e quando o gorgomilho se vos parecer muito atacado puxem discretamente a substância pegajosa que tão cuidadosamente produziram e depositem-na num dos ditos lenços. Garanto que não é coisa que vos faça mudar de orientação sexual. E é muito menos desagradável para quem vos rodeia.
E, crianças, adultos do amanhã, lá porque os jogadores de futebol cospem (para não falar daqueles lançamentos de muco nasal dignos de competição olímpica) que nem uns alarves durante os jogos de bola, não quer dizer que o devam fazer também.

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