Jornadas de História e Património Local
A insistente pedido de dois dos autores do blog Alhos Vedros ao Poder, venho aqui fazer uma curta apreciação do volume saído recentemente sobre as I Jornadas de História e Património Local e publicado pela CMM.
A minha autoridade no assunto é nula, àparte a minha formação em História, o facto de ter vivido a idade de Cristo na terra (não na Terra, apenas na terra de Alhos Vedros) e ter escrito um livro com um breve roteiro do património da margem sul. Contra mim, o facto de não colaborar em nenhuma iniciativa de carácter meramente local desde início dos anos 90 (incluindo estas Jornadas), nem de trabalhar normalmente em História Local.
Por isso, ao que acrescento a simpatia com que fui atendido na Divisão Socio-Cultural da CMM, quando lá fui solicitar um exemplar da obra em apreço, sinto algum incómodo em fazer uma crítica muito aprofundada e mordaz.
No entanto, e sublinhando a importância ímpar desta iniciativa, tanto mais ímpar porque a única com esta dimensão (evento+publicação), existe um pequeno reparo a fazer, que julgo do agrado de todos os que vêem na acção da CMM uma tendência (in)voluntária para a subalternização constante de Alhos Vedros.
O reparo relaciona-se com a forma como foram organizados os painéis das comunicações constantes na publicação e que não sei se corresponderão ao da sua apresentação pública, a que não assisti.
Se repararem, estas actas dividem-se em três partes (Painel de Arqueologia, Painel do Património Artístico, Painel de História Local). Quem anda nestas lides de colóquios e congressos, sabe que a uma organização temática como esta corresponde, por regra, uma organização cronológica no interior de cada tema.
Ora, não é este o caso.
Se bem atentarem, nos dois painéis em que surgem textos sobre Alhos Vedros e a Moita (2º e 3º), estes surgem sempre primeiro que aqueles mesmo quando a sequência cronológica é a inversa. É o caso óbvio da comunicação de Fernando A. B. Pereira sobre a imagem gótica de N. S. Anjos da Matriz de Alhos Vedros, que devia surgir antes da de Manuel Batoreo sobre as pinturas maneiristas da Igreja Paroquial de Nossa Senhora da Boa Viagem (para mais, um texto de conteúdo mínimo e fundamentação ausente, constituindo um mero resumo), bem como o do texto de António Ventura sobre os Pinhais de Alhos Vedros nos séculos XV e XVI, de novo antecedido por um outro texto muito curto sobre a Moita nos Índices de Chancelaria da Torre do Tombo, o qual me escuso, por razões éticas, a comentar.
Não sendo pormaior, este pormenor não deixa curioso: o facto de a Moita surgir sempre antes de Alhos Vedros, o que não parece justificável segundo qualquer critério a que esteja habituado neste tipo de obras, a menos que seja uma questão de precedência ditada pela hierarquia actual do poder autárquico. Quanto a outros critérios, e tenho várias dezenas de colóquios e congressos na bagagem, dentro e fora do país, não os consigo vislumbrar.
E assim espero, apesar de tudo, ter deixado uma pequena prenda no sapatinho de quem tanto me chateou para fazer este texto.
Gostaram ?
Paulo Guinote
Quinta do Anjo, 15/Dez/04
A minha autoridade no assunto é nula, àparte a minha formação em História, o facto de ter vivido a idade de Cristo na terra (não na Terra, apenas na terra de Alhos Vedros) e ter escrito um livro com um breve roteiro do património da margem sul. Contra mim, o facto de não colaborar em nenhuma iniciativa de carácter meramente local desde início dos anos 90 (incluindo estas Jornadas), nem de trabalhar normalmente em História Local.
Por isso, ao que acrescento a simpatia com que fui atendido na Divisão Socio-Cultural da CMM, quando lá fui solicitar um exemplar da obra em apreço, sinto algum incómodo em fazer uma crítica muito aprofundada e mordaz.
No entanto, e sublinhando a importância ímpar desta iniciativa, tanto mais ímpar porque a única com esta dimensão (evento+publicação), existe um pequeno reparo a fazer, que julgo do agrado de todos os que vêem na acção da CMM uma tendência (in)voluntária para a subalternização constante de Alhos Vedros.
O reparo relaciona-se com a forma como foram organizados os painéis das comunicações constantes na publicação e que não sei se corresponderão ao da sua apresentação pública, a que não assisti.
Se repararem, estas actas dividem-se em três partes (Painel de Arqueologia, Painel do Património Artístico, Painel de História Local). Quem anda nestas lides de colóquios e congressos, sabe que a uma organização temática como esta corresponde, por regra, uma organização cronológica no interior de cada tema.
Ora, não é este o caso.
Se bem atentarem, nos dois painéis em que surgem textos sobre Alhos Vedros e a Moita (2º e 3º), estes surgem sempre primeiro que aqueles mesmo quando a sequência cronológica é a inversa. É o caso óbvio da comunicação de Fernando A. B. Pereira sobre a imagem gótica de N. S. Anjos da Matriz de Alhos Vedros, que devia surgir antes da de Manuel Batoreo sobre as pinturas maneiristas da Igreja Paroquial de Nossa Senhora da Boa Viagem (para mais, um texto de conteúdo mínimo e fundamentação ausente, constituindo um mero resumo), bem como o do texto de António Ventura sobre os Pinhais de Alhos Vedros nos séculos XV e XVI, de novo antecedido por um outro texto muito curto sobre a Moita nos Índices de Chancelaria da Torre do Tombo, o qual me escuso, por razões éticas, a comentar.
Não sendo pormaior, este pormenor não deixa curioso: o facto de a Moita surgir sempre antes de Alhos Vedros, o que não parece justificável segundo qualquer critério a que esteja habituado neste tipo de obras, a menos que seja uma questão de precedência ditada pela hierarquia actual do poder autárquico. Quanto a outros critérios, e tenho várias dezenas de colóquios e congressos na bagagem, dentro e fora do país, não os consigo vislumbrar.
E assim espero, apesar de tudo, ter deixado uma pequena prenda no sapatinho de quem tanto me chateou para fazer este texto.
Gostaram ?
Paulo Guinote
Quinta do Anjo, 15/Dez/04
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