quinta-feira, dezembro 23, 2004
Requalificação urbana ?
No Alhos Vedros Visual instalou-se uma pequena polémica sobre a nossa atitude perante as obras em decurso na Praça da República e Rua 5 de Outubro, alegando um nosso leitor que tendemos a dizer mal só por dizer de tudo o que é feito ou não.
Como lá já respondemos, achamos que devemos dar a nossa opinião sobre o que não tem sido feito em Alhos Vedros (muito) e sobre o que tem sido mal feito (cada vez mais).
Para além disso, consideramos que aquilo a que chamam requalificação urbana na CMM passa, pelo menos no que toca a AV, por operações superficiais de cosmética que não vão ao cerne da questão, ou seja à degradação de grande parte da zona residencial do que já foram artérias nobres da vila, mesmo se formadas por habitações modestas.
Será inútil falar do valor da arquitectura chã aos políticos que se sentam na CMM e de tudo o que uma verdadeira requalificação urbana implica. Para eles, o que interessa é espalhar um bocado de betão para dar um maior valor aparente às zonas onde, depois, se irão deitar abaixo os edifícios antigos e erguer caixotes de apartamentos sem um mínimo de qualidade ou valor estético.
Foi o que aconteceu em outros locais da nossa terra, mesmo quando estavam em causa construções com valor histórico (veja-se o caso recente da Cadeia) ou estruturas com impacto cultural (caso mais distante do velho Cinema), trocadas por casario que podia estar ali ou em outro canto qualquer de Alhos Vedros.
Desde que os particulares com poder económico levantem a voz, a sua vontade é feita.
O que é estranho é isto acontecer numa autarquia PC que, por norma, seria mais sensível a estas questões. Veja-se o trabalho de Câmaras como as de Palmela ou Seixal e teremos uma noção da má qualidade dos nossos autarcas. Nesses concelhos, os velhos centros municipais mantiveram-se, apesar do crescimento de núcleos urbanos maiores em seu redor e tem sido dado valor ao Património e à História.
Se a Moita não tem património histórico que se veja ou é de passado curto, isso não é razão para enxertar o de Alhos Vedros. Pelo menos, podiam aproveitar o que existe e não contribuir objectivamente para o seu desaparecimento.
Mas, enquanto a vida de alguns se alimentar de vaidade e a relevância política se medir pelas fotos nas publicações oficiais, estamos tramados.
E, para que fique esclarecido, também não é com as oposições locais que existem, sedentas de um poder que nunca tiveram mas mal preparadas, sem propostas concretas e compromissos sérios, sem uma visão estratégica de desenvolvimento sustentado, ou apenas a pensar em outros voos, que melhoramos o panorama.
A solução passa pela intervenção cívica de todos os que, fazendo sentir o seu desagrado, consigam obrigar as camarilhas políticas do nosso concelho, a interessar-se pelo futuro de todos, enquanto comunidade, e não só no seu futuro político.
E não chega fazer apenas pressão até se conseguir o subsidiozinho para a a iniciativa dedicada aos amigos ou a participação em grupos de trabalho, de estudo e quejandos. Ou seja, protestar até cair a migalha desejada da mesa dos Senhores.
Porque isso é apenas uma outra forma de colaboracionismo.
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