sexta-feira, outubro 14, 2005

Material Alheio - Abrupto

Do Abrupto:

«O que Marques Mendes conseguiu, deveu-se a um combate pela credibilidade que tem duas vertentes: a ruptura do partido com alguns casos flagrantes de má fama publica dos seus políticos, e a tentativa de um estilo diferente de oposição. É um bom princípio, mas é preciso ir muito mais longe, porque o PSD (como o PS) está muito corroído por dentro e seria um erro trágico pensar que já se fez o bastante. Se se quer mudar mesmo, tudo no partido precisa, em linguagem informática, de um upgrade.
(...)
O populismo reinou nesta campanha, com duas excepções importantes, Lisboa e Porto, onde parece ainda haver uma massa crítica eleitoral que o trava nas suas manifestações mais extremas. Mas, mesmo assim, convém ser prudente, porque o populismo continua a ser o mecanismo mais fácil para fazer campanhas de sucesso garantido, pela simbiose entre o populismo moderno e os meios de comunicação de massas, em particular a televisão. Felgueiras, Valentim, a nível local, e Louçã a nível nacional, foram os políticos que fundaram a sua campanha quase que exclusivamente num apelo populista sem freios. A eles se deve somar Pinto da Costa, na conturbada campanha do Porto.
(...)
Já escrevi isto a propósito de outras campanhas do passado, porque não é uma pecha recente, mas tem que ser repetido: a comunicação social descreveu esta campanha como um nojo, uma abjecção contínua, uma luta mesquinha e sem grandeza. Se formos a ver, já há muito tempo que descreve assim todas as campanhas eleitorais, sejam elas quais forem. Abriu uma excepção: elogiou Maria José Nogueira Pinto, mas fê-lo de forma utilitária para servir de contraste para atacar Carmona e Carrilho,Esquece-se de uma coisa básica: que diferença fez em relação a candidatos que se esforçavam para ser diferentes e que, por não serem um “nojo”, não interessavam nem ao menino Jesus? Ignorou-os e ajudou a que eles perdessem. Quantas pessoas, quantos candidatos, em muitos sítios se esforçaram por fazer diferente?»

Goste-se do homem (Pacheco Pereira) ou não, concorde-se ou não, a qualidade analítica está lá; da crítica ao populismo à difícil denúncia dos "desvios" da comuinicação social.

AV1

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