«E por falar em desordenamento do território, recorde-se que o caos urbanístico e as trapaças generalizadas - desde a construção de clandestinos às violações de PDM - são fenómenos que em Portugal ocorrem a todos os níveis sócio-económicos e em todos os locais, até em Áreas Protegidas. Nenhum desempenho autárquico pode prescindir de erradicar a promiscuidade entre o imobiliário e autarcas, designadamente através do financiamento das autarquias pelas mais-valias da construção.
(...)
E por falar em paisagem e desmazelo, lembre-se também a inevitável mudança de atitude face a dois dos mais importantes instrumentos de ordenamento territorial: a RAN e a REN. Actualmente, a maioria dos autarcas (57%) nutre por estas duas áreas de estatuto especial uma especial antipatia. E com alguma razão. A sua aplicação tem sido errática, oscilando entre a proibição absurda de toda e qualquer actividade e as desanexações avulsas à vontade dos fregueses mais poderosos. A REN e a RAN são demasiado importantes como estruturas nacionais para serem lançadas aos duelos entre autarquias e poder central e os mais ignóbeis expedientes têm obtido sucesso graças a esta tensão e a esta confusão.»
(Luísa Schmidt, "Autarquias: tolerância zero" in Única, 12 de Novembro de 2005, pp. 104-106, só sendo meu o bold.)AV1 (o citador)
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