quarta-feira, novembro 02, 2005

Nada de admirar ou antes pelo contrário

Na edição de hoje do DN (p. 20, sem link disponível online, nem no site da Marktest) vem um barómetro sobre a opinião dos portugueses quanto às profissões com maior exposição pública (é aquela notícia com destaque na capa, por baixo da matéria sobre a reposição de água nas barragens).
Nada de espantar que os políticos venham no fim, com níveis de credibilidade baixíssimos.
Pode ser uma reacção natural e demagógica, mas não deixam de ser valores impressionantes pelo aspecto negativo.
Mais estranho é os juízes estarem em penúltimo lugar ou, no lado inverso, o top 3 ser constituído por médicos, jornalistas e professores, todos com um nível de opiniões positivas entre os 65% e os 67%, mais décima, menos décima.
Se no caso dos médicos, o seu prestígio social permanece intocado ao longo dos tempos, e se no dos jornalistas revemos o possível descobridor justiceiro das malandrices alheias (mesmo quando isso é muito mais ilusório do que parece...), o caso dos professores é particularmente notável, atendendo ao caos em que a Educação tem andado, aos maus resultados recorrentes dos alunos portugueses em testes internacionais e das sucessivas campanhas dos governos (e alguma opinião publicada) por atirar para as costas da classe docente o ónus do insucesso escolar.
Resistir a tudo isso, com uma imagem pública muito satisfatória é obras e deveria servir para alguns responsáveis políticos reflectirem, de uma vez por todas, sobre as razões do desnorte do nosso sistema educativo.
Afinal, quase toda a população passou na sua vida pela escola e se a apreciação que têm dos professores como profissionais é assim tão elevada, é porque o erro está algures e não devem ser eles o bombo da festa demagógica que esta Ministra da Educação imaugurou e vai fazendo andar com o apoio de alguns cronistas, tipo Miguel Sousa Tavares e outros que tais do Expresso, recorrentes nos elogios ao que não percebem, apenas defendendo que os filhinhos devem ser mantidos na escola o máximo de tempo, não importa como.
Mal por mal, Marcelo Rebelo de Sousa no Domingo lá teve a coragem de explicar um pouco isto tudo, realçando que muitas medidas, tidas como boas e populares, não passam de barro atirado á parede, sem conveniente estudo prévio e sem uma implementação devidamente preparada com base nas condições práticas no/do terreno.

AV1

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