O Sonho e a B.D.

Desde 1993 que não perco uma edição deste maravilhoso evento, a Amadora passou a ser o meu local de peregrinação anual, a minha Fátima BeDófila onde vou rezar aos deuses da BD e voltar do Templo do Sol com a alma renovada e cheia de esperança nos amanhãs que não cantam, mas assobiam como o Lucky Luke !
As melhores edições deste Festival, foram na mítica Fábrica da Cultura, espaço imenso que albergava todos os sonhos e ainda sobrava espaço, lembro-me de uma escultura de 5 metros de altura com o Homem/Falcão do Bilal e realmente é espantoso o trabalho dos cenógrafos que dão a dimensão REAL a estes sonhos, que os artistas concebem...
O Sonho comanda a vida lá dizia o poeta mas os sonhos são parte tão real como a existência e este vosso amigo sem os sonhos não seria nada e toda a vida perderia o significado sem esta capacidade que Deus me deu de me abstrair no imaginário e na invenção de mundos utópicos onde prefiro ficar como um refugiado desta nossa triste realidade material...
Desde sempre que tive esta necessidade de abstracção da realidade e desde sempre que o consegui através da invenção duma realidade paralela em que consigo estar sem me preocupar com mais nada.
A B.D. ajudou-me a conservar esta minha pureza egocêntrica e autista, mas fundamental para viver, não é tanto a necessidade constante de fuga mas mais a necessidade constante de beleza. Não procuro a felicidade, porque entendo-a como um estado de espírito e não se procura o que está dentro de nós, basta querer e encontramo-la. Basta sermos eternas crianças enquanto dura esta nossa vida material para não perdermos a nossa felicidade natural.
Mas o que é que isto tem a ver com a 16ª edição do Festival de B.D. da Amadora ?
Tem tudo, porque este ano o tema é o Sonho, através da comemoração dos 100 anos de Litlle Nemo in Slumberland, toda a temática do evento deste ano foi dedicada ao sonho, por isso foram-me necessários dois dias para me distanciar da realidade e mergulhar no mundo dos sonhos dos heróis de papel...

Continua...AV2