sexta-feira, novembro 18, 2005

O Sushi


Ainda na Visão de ontem, vem um suplemento interessantíssimo sobre comes e bebes, com conteúdos e dicas muito interessantes, em especial para quem, como eu, gosta de um brunch e não sabe onde encontrá-lo ou de quem, não será tanto o meu caso, gosta de um belo vinho por menos de 5 euros (e olhem que belas sugestões que há sobre uns brancos da região de Setúbal nas páginas 56 e 57.
Mas o que aqui me traz é a chamada de capa para a moda actual do sushi, em particular, e da comida japonesa, em geral.
É necessário esclarecer desde já que sou o mais a favor de experiências gastronómicas multiculturais e que, sempre que posso, cá dentro ou lá fora, faço o possível por experientar novidades.
E até gosto de comida oriental, não falando só da chinesa que tremos por cá, mas em particular da tailandesa e, em dia de desvario, da tibetana vegetariana (se estiver para aturar a fila para jantar na Rua do Salitre).
Só que, minhas amigas e meus amigos, eu sou mediterrânico e latino sem apelo nem agravo, e o sushi, o sushimi, as tempuras e os gelados de chá verde podem ser o máximo do requinte cosmopolita mas a mim só servem como aperitivos para o prato principal, que bem pode ser um bife italiano panado ou um risotto, já para não falar de uma belíssima feijoada nacional, brasileira ou numa qualquer modalidade criativa africana.
Experimentei desde cedo o sushi, quando haveria apenas um par de restaurantes japoneses em Lisboa e o Bonsai ainda não era Novo, ali ao alto da Rua da Rosa.
E as notas de prova, caríssimas e caríssimos, deixaram-me com o estômago e a carteira leves, nada mais.
Por muitas voltas que dêem ao peixe cru, se é para desfrutarmos dos aromas das ervas requintadas ou de que lhe colocam à volta, mais vale deixarem-no no expositor.
E para comer uns vegetais finíssimos em polme de farinha (tempura), é melhor não falarem comigo, pois peixinhos da horta cá são meras entradas, leram bem, ENTRADAS.
Chamem-me troglodita, mas o sushi está, para mim, ao nível de um ratatouille belga ou de um pavé de carne afrancesado com três migalhinhas de cenoura e salsa no prato, já para não falar de grande parte da gastronomia espanhola (tapas à parte, assim como os peixes e mariscos da Galiza ao País Basco)) e dos escargots recheados que se fazem para lá dos Pirinéus e me conseguem provocar uma imediata paragem de digestão, logo a mim que uns caracolitos com umas mines me fazem chegar ao Sétimo Céu e voltar para mais.
São coisas bonitas de ver, vale como experiência de vida, mas podemos esquecer e continuar em frente.
Se querem experiências radicais como comer por largas dezenas ou mesmo algumas centenas de euros um bocado de um peixe que, se for mal cortado, os mata quase instantanemente, porque não divertirem-se antes a jogar à roleta russa ou a atravessar a rua nas passadeiras, esperando que os automobilistas respeitem a prioridade pedonal ?
Sempre sai mais barato.

AV1 (o gastrónomo plebeu)

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