Como sabem, aqui somos apoiantes da candidatura presidencial de Manuel Alegre, a única não apoiada por nenhuma estrutura partidária.
Contra a unidade do centro-direita em torno de Cavaco Silva, o centro-esquerda e a esquerda fragmentaram-se com quatro candidaturas, numa espécie de primárias.
Ora bem, é compreensível que estas quatro candidaturas se degladiem para obter a vitória nessas primárias e todas tentem passar à 2ª volta, mesmo se os camaradas Louçã e Jerónimo saibam que só aparecem para fixar eleitorado e passar a mesma mensagem do costume.
O que já não parece tão compreensível - ou talvez sim - é que objectivamente três candidaturas apresentem um plano de acção complementar, ou seja, enquanto a Soares é deixado o ataque a Cavaco, Louçã e Jerónimo atiram-se a Manuel Alegre para evitarem que seja ele o vencedor das primárias da esquerda.
As razões para isso são diversas e desvairadas.
Antes de mais, Alegre é o único que morde no eleitorado natural de todos os partidos e isso dói-lhes.
Em seguida, Soares tornou-se uma figura tutelar cómoda para todas as esquerdas conformistas com o sistema em que vivemos e, desculpem lá (desculpa especial para o pessoal amigo do Arre-Macho), o PCP e o BE tornaram-se parte da mobília e dos rituais estabelecidos.
Manuel Alegre, apesar das acusações que os camaradas Jerónimo e Louçã lhe lançam, é um factor inesperado neste jogo e, digam o que disserem, comunistas e bloquistas sentem-se bem como estão agora e não querem confusões.
Soares não ameaça porque só cata votos, na primeira volta, no PS e depois, na segunda, é fácil, vinte anos depois, dizer (de novo) que se engole um sapinho e nem sequer é preciso fechar os olhos.
Aliás, basta ver pela equipa de apoio de Soares na blogosfera e "juventude" que o Bloco está col ele de alma e coração e que Louçã aparece por meras razões de jogo e marcação taco a taco a Jerónimo de Sousa. Mas, no fundo, irmana-os o desejo de ver Soares passar à segunda volta.
E isso cada vez se nota mais.
O trio dividiu as tarefas.
O Pai da Pátria atira-se ao Ogre da Direita, enquanto os seus delfins tratam da saúde ao Cavaleiro da Pena Errante.
Basta ver que o recente manifesto anti-Alegre de membros da candidatura de Soares é assinado (feito é outra história...) por figuras de terceira linha do PS.
É triste, mas é verdade.
AV1 (o analista político comprometido)
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