terça-feira, fevereiro 21, 2006

João Lobo - A Entrevista VI

«Para nós é fundamental a requalificação desde Alhos Vedros até ao Rosário e Sarilhos Pequenos. Iremos continuar a apostar na melhoria da qualidade urbanística e ambiental, no saneamento básico, na recuperação das áreas de génese ilegal, assim como o reforço do abastecimento de água.
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As principais vertentes são dar uma atenção a zonas entre os núcleos urbanos e a criação de uma estrutura ecológica municipal, com dois corredores fortes.Existem projectos importantes de acessibilidades como a CREM – Circular Externa da Moita.
(...)
Nós o que fizemos foi um estudo, de acordo com a actual legislação da REN, um trabalho feito com seriedade, conclui-se que quase todo o território do município era reserva ecológica. (...) sempre para nós foi e para mim que estive envolvido com o urbanismo, criar mecanismos para que as pessoas de Brejos ou da Barra Cheia tenham soluções para a melhoria da habitabilidade e ampliação das suas casas. Houve polémica, mas, também há compromissos do Secretário de Estado de promover alteração à lei, o que nós estamos a contar.»
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Começo a ficar cansado disto, não propriamente de fazer a análise, mas de tentar não pegar por tudo e por nada, porque é muito difícil resistir à tentação de ir atrás de acda frase que contém, imprecisões, omissões ou contradições. Por isso, apenas um apanhado desta parte que é daquelas que me deixa particularmente abismado.

1) Quando diz requalificação da zona ribeirinha “desde Alhos Vedros...”, e pelo estado das coisa, suponho que seja do género “a partir de Alhos Vedros, mas não a incluindo”, porque eu ainda a semana passada fiz uma pequena ronda e não me parece que estejam a fazer nada, nem sequer a tentar que as coisas não piorem.
2) Sobre a recuperação das áreas de génese ilegal muito haveria a dizer, a começar pelas Arroteias. Que belas “ocupações” foram feitas ali no pós 25 de Abril com a cobertura das estruturas partidárias de quem não se pode dizer o nome e consentimento tácito do poder local recentemente instalado. Ou já niguém se lembra como foram “adquiridos” certos lotes ?
3) “Dar atenção a zonas entres os centros urbanos” significa torná-las também urbanas não é ? Lotear, urbanizar, construir. Para quê o carácter vago da expressão ? O que querem é betonar tudo e fim de conversa.
4) “Dois corredores fortes na estrutura ecológica municipal” ? Mas então, a REN muda de sítio – certamente porque o valor ecológico dos terrenos mudou nesta última dúzia de anos – e agora estabelecem-se dois “corredores” ? Eu preferiria “salões”, porque corredor soa-me a estreiteza. E esses ditos “corredores” vão durar até quando ? Até á próxima revisão do PDM em que se tornarão “arrecadações fortes” e já não teremos o responsável por estas afirmações para prestar contas ?
5) Com que então quase todo o território do município podia ser reserva ecológica. Maravilhoso. Nem digo mais nada sobre a incoerência destas afirmações com os actos.
6) Combate à desertificação da zona rural ? Mas que zona rural sobra depois do PDM ser implementado ? Que condições existem para desenvolver actividades “rurais” ? A menos que sejam rurais para se construírem lá enormes vivendas com bons terrenos agrícolas em redor.
7) A conversa sobre a preocupação com as gentes da Barra Cheia e Brejos dá-me aqui uns grómitos que só visto.
8) Hà então, o Poder Central - esse responsável por todos os males - é que tem de abrir as frechas na lei da REN para vocelências acabarem com tudo de vez ? E depois, claro, quando não houver nenhuma área protegida que se veja, a culpa foi do Poder Central que removeu os entraves à construção.
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AV1 (a tentar acabar isto com mais um par de posts - um dos quais sobre os ideais de democracia participada que é um mimo - e depois passar tudo para o AVP-Best Off)

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