Mas ainda temos, quase a fechar, direito a um descolamento de retina quando lemos (não, não são aquelas declarações ingénuas sobre o consumo de "drogas" no concelho) o seguinte:
Nesta modernização está prevista alguma acção visando desenvolver o Orçamento Participativo?
“Isso insere-se numa linha estratégica que visa promover a democracia participada. Nós temos uma forma muito própria de envolvimento, em relação ao conceito democracia participada, temos o atendimento descentralizado, freguesia a freguesia. Consideramos que a informação é fundamental em democracia participada, pelo que é necessário reforçar os meios de comunicação. Vamos promover as reuniões descentralizadas nas freguesias. Continuamos a apostar na descentralização para as freguesias pela sua proximidade dos cidadãos.
O Orçamento Participado é um assunto que estamos a analisar, mas, no diálogo que mantemos de forma constante, nós temos um conhecimento daquilo que são as vontades e necessidades sentidas. Estamos a reflectir sobre esse tema, mas não estou, pessoalmente, muito convencido dos resultados dos mecanismos, existentes, no dito Orçamento Participado. É uma abordagem que nós estamos a acompanhar com alguns municípios que estão a desenvolver, como é o caso de Palmela ou a experiência que está agora a decorrer no Barreiro.”
Lá resvalou a boca ao senhor Presidente para a verdade dos factos e finalmente concordamos em várias coisas, a saber:
a) Que a CMM tem "uma forma muito própria de envolvimento, em relação ao conceito democracia participada" já nós percebemos há muito, ainda antes das reuniões de fugida sobre a discussão do PDM e a forma como gostam de protestos ordeiros, quando o povo não concorda com as medidas autárquicas. A participação dos cidadãos, nesta "forma muito própria" passa pelo voto de 4 em 4 anos e depois tudo calado, ou então apenas se fala nas reuniões partidárias certas. Em boa verdade, a participação democrática nem sequer se estende aos próprios correlegionários como parece ter acontecido no episódio recente que muito temos tratado da Badalhoquice Temática.
b) Que "a informação é fundamental em democracia participada, pelo que é necessário reforçar os meios de comunicação" também concordamos, se não confundirmos informação com propaganda. Quando se informa não se emitem juízos de valor e o emissor não tenta condicionar a posição do receptor perante a mensagem e o seu conteúdo. Ora por cá, informação temos muito pouca fora dos comunicados oficiais, das autarquias ou das estruturas partidárias, a menos que - suprema ironia - consideremos que sejam os blogs ao disponibilizar ao povinho certos documentos que facultam essa mesma informação. Quanto ao reforço dos meios de comunicação parece que chega aos 60.000 euros este ano para Boletins Municipais, não aparecendo em lado nenhum o custo dos outdoors de promoção da obra feita, a fazer e por fazer.
c) Que João Lobo, como voz que será muito consensual por essas bandas, não está "pessoalmente, muito convencido dos resultados dos mecanismos, existentes, no dito Orçamento Participado" também já eu tinha percebido e nem era preciso ter confirmado. A camarada de Palmela é que é uma basista e os tipos do Barreiro, desde que o camarada Carlos se começou a projectar com a Presidência da Área Metropolina, é que devem pensar que são especiais de corrida. Na Moita, não, vive-se à boa moda antiga, apegada às tradições dos Orçamentos discutidos à porta fechada, não vá o demo tecê-las e em discussões públicas se descobrirem algumas carecas mal encobertas. Por isso, e para prevenir o imprevisível, nada como deixar as coisas apenas aos "eleitos", sendo que os que perderam também se devem manter caladinhos, ou não tivessem perdido. É a chamada "transparência" resultante dos "telhados de vidro".
AV1 (e está quase... só falta a parte em que se fica a saber que JL parece não estar disponível para prestar contas por este mandato)
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