As "Grandes" Causas

Há quem goste de encher a boca e o olho alheio, salvo seja, com a defesa de "grandes" causas, nobres só por serem enunciadas.
Normalmente com zero em matéria de consequências.
Eu descobri cedo que não podia salvar o mundo, teria para aí uma dúzia de anos, sozinho com o meu cavalo de pau ou mesmo com a ajuda de quatro ou cinco amigos de infância, tão ou mais tresloucados do que eu.
Não sou o Bono nem o Clooney, embora seja quase da mesma idade e naturalmente melhor parecido.
Mas eles conseguem alguma coisa porque atingiram uma posição de destaque e, em especial no caso do Bono, porque decidiu dedicar o seu tempo a uma causa e não foi depois descobrir o sexo tântrico como o Sting mais a selva amazónica.
Eu prefiro escolher causas à minha escala, "micro-causas" que sejam.
Por isso "Alhos Vedros ao Poder" e não o "Tibete ao Poder" ou "O Fim da Fome ao poder".
Ainda sei o tamanho do meu pé, apesar do inchaço do ego e da protuberância da masculinidade, e não subo acima do limiar da minha chinela.
Porque há que adequar os objectivos aos meios e às capacidades.
Eu sei do que sou capaz e acjo em função disso.
Quem for melhor que eu, com maiores capacidades e meios, que salve um bom naco do mundo, a mim chega-me chatear quem anda a destruir este niquinho que me rodeia e, vá lá, de quando em vez chamar a atenção para o que anda aí por fora a correr mal.
Mas uma coisa é certa: de Alhos Vedros a maior parte do mundo e do país nunca ouviu falar.
Mas nos últimos dois anos conseguimos reduzir essa ignorância, pelo menos, em 0,1%, o que já não é mau.

AV1