quarta-feira, maio 17, 2006

Dilemas

Ao longo deste tempo todo um dos problemas que se me colocou foi o de escrever criticamente sobre pessoas de quem gosto pessoalmente.
Esse é um grande problema em terra e país onde as críticas são sempre vistas como ataques pessoais e muitas vezes praticados dessa forma.
Contra o que seria de esperar, há bem uns 2-3% de pessoas que conheço de quem gosto verdadeiramente.
Acham que estou a ser exagerado?
Não!
É verdade que é mesmo uma proporção assim tão alta e não os 0,0001% que me atribuem os que me qualificam como "frustrado", "mau-carácter" e tudo isso.
É verdade que não conheço assim muita gente, por isso basta gostar de 5 ou 6 pessoas para dar logo essa proporção.
Mas voltando ao que me interessa.
O que fazer quando alguém de quem gostamos faz, diz ou escreve asneira?
Calar em nome da amizade? E fingir que não sucedeu nada?
Não faz bem o meu género.
Por isso, fui várias vezes mauzinho com gente de que gosto e desagradei voluntariamente a pessoas que sabem quem eu sou mas que, por isso mesmo, já deviam saber com que contar.
Um dos nossos enormes defeitos é aquele carácter louvaminheiro de quem, como é amigo, dá palmadinhas nas costas e faz um elogio público, cínico e hipócrita, que logo desdiz na mais próxima reunião privada de outros "amigos".
Tipo, aquele gajo é meu amigo por isso todos os desenhos, pinturas, textos ou músicas que faz são boas ou muito boas.
Quando a maior parte das vezes são uma merda e uma enorme perda de tempo, mesmo se com toda a legitmidade para existirem.
Pois se não existisse mau, como saberíamos o que é mesmo BOM?
Ora o problema é que parece que muita gente já começa a não conseguir distinguir o que tem ou não qualidade, pois o critério usado é o da amizade e não outro.
Aqui no AVP divulgaram-se alguns trabalhos, de diverso tipo, de diversas autorias, muitas vezes de pessoas que desconheço pessoalmente.
Mas nunca dissemos que era bom aquilo que o não era.
Ou nunca dissemos que isto ou aquilo era muito bem visto, só porque foi gente amiga a dizer.
Eu próprio, nem sempre concordo comigo.
E isso é bom, para além de revelar esquizofrenia.
O que não é bom são os pactos balofos, os compromissos de interesses, para defender os equilíbrios de conveniência e, mudando as moscas, manter a bosta no mesmo sítio a feder como de costume.
E é isso que se observa por aí.
Tudo se recompõe, depois dos sobressaltos.
O pantâno deixa de se agitar.
Se nós não batermos com o pau na lama, o resto da malta prefere deixar como está.
Olha o subsidiozito que pode não cair.
Olha o contrato que pode não ser feito.
Olha a hipótese de negócio que pode escapar em tempo de vacas magras.
E mesmo quem não prefere a água estagnada, queixa-se dos salpicos quando lhes caiem na imagem que pretendem imaculada.
Mas que é apenas uma aparência.
E é melhor ficar por aqui, pois já quase pareço um daqueles amoitados escrevinhadores bissextos a dizer muito e a não dizer nada.
Digamos que tenho andado por aí, tenho ouvido umas coisas e anda tudo muito conformista, como de costume, e apesar das bravvtas em frente das mines e dos minuins.

AV1

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