sábado, fevereiro 04, 2006

Concertos



Dia 8 de Fevereiro próximo passam por cá os Depeche Mode e até parece que prometem voltar para um concerto de Verão no Alvade XXI.
Estando retirado das lides de idas a concertos há uma mão cheia de anos por razões familiares e de falta de paciência para multidões, este é um dos raros casos que me levou a considerar a hipótese de voltar ao Pavilhão Atlântico depois da semi-desilusão do penúltimo concerto do REM em Lisboa, que só não foi mais porque a meia hora de abertura dos Suede tinha sido muito boa.
Confesso não ser grande adepto de concertos em estádios, embora ainda suporte uns coliseus e uns pavihões atlânticos.
Durante uns anos, a falta de idade e dinheiro mantiveram-me longe deste tipo de eventos, para além de que também eram raros por cá. Não partilhei, por isso, as idas aos primeiros concertos punk/new wave do meu camarada co-editor nos anos 70, nem estive em nenhum daqueles festivais míticos e percursores de tudo o resto. quanto muito uma Febre de Sábado de Manhã em Alvalade com os Fischer Z em pico de popularidade (c. 1981), para não falar de uma anterior no então Pavilhão da CUF/Quimigal onde fiz o trajecto de entrada entre a sanduíche e o puro e simpls voo planado.
Raramente estive num concerto verdadeiramente memorável, apesar de umas quantas idas ao dito Estádio de Alvalade e outros espaços do género.
Grande excepção: o concerto dos U2 em 93.
Outras boas coisas: GNR no Coliseu para gravação do duplo ao vivo, Rui Veloso e Paul Simon num aprazível final de tarde e início de noite em Alvalade, assim como boa parte do atrasadíssimo concerto do Prince no mesmo sítio numa noite gelada de um Verão já distante.
Mas foram mais as desilusões, desde um Lloyd Cole em finais de 80 no Dramático de Cascais em que nada se percebia do som até uma Carmel na Aula Magna, em que não trazia a secção de sopros usada nos álbuns Everybody's Got a Little Soul e Set me Free (1987 e 1989) e me deixou ali a olhar para ontem, não esquecendo um Sting em piloto automático.
Algumas coisas óbvias desnecessárias: quase todos os concertos brasileiros, tirando sempre os do Caetano Veloso e o do Ney Matogrosso plumado ainda nos anos 80.
Grandes barretes também: Tracy Chapman no Coliseu para esquecer por completo.
Desgostos profundos: Estar em viagem quando cá veio a Suzanne Vega e ter optado por não ir ver o David Bowie.
Opções assumidas: Não colocar os pés em concertos assumidamente mal frequentados, como o dos Guns'n'Roses, assim como todos os que prometessem afluência acima da média de metaleiros, betinhos e betinhas da linha a mostrar as fatiotas ou tardo-punks desorientados. O que, convenhamos, reduz logo para 10-15% o número de eventos frequentáveis.
Há um par de meses estive quase para ir ver os Pink Martini, mas falhou-me o baby-sitting.
Agora são os Depeche Mode que vou falhar por falta de bilhetes, assim como a 28 de Julho o mais certo é não estar por cá.
E até tenho pena, porque são dos tipos que consegui aturar sempre, desde a fase pop quase-quase gay até ao período mais negro ali por volta dos meados e finais de 90.
Conseguiram envelhecer, envelhecendo naturalmente, sem ficar eternamente gaiteiros e pseudo-modernaços, nem desnecessariamente decadentes e enredados numa deprimente e entediante meia-idade (o Sting serve como modelo para os dois tipos de exemplo).
E isso é uma qualidade nos tempos que correm.

AV1

7 comentários:

Kabum disse...

Acho que já andam a ser vendidos bilhetes a preços exorbitantes pelo que me foi dito :/

joao figueiredo disse...

Acho que o meu batismo em concertos foi mesmo aqui na Quimigal, quando por cá passou a Febre.

Não sendo um grande frequentador ainda guardo boas memórias do concerto do Bowie em Alvalade. Os Stones nos finais de 90 mostraram o que é fazer dinheiro (entrega qb e nova data a noutra porta), e passei pelos Dire Straits como que houve um disco ao vivo, automático, sem afectividade. Mesmo assim, diverti-me em todos.

Desbundei na Arena do Campo Pequeno com os Pogues, já sei Shane MacGowan, mas igualmente ébrios.

Mas concerto que guardo como extraordinário só o dos Radiohead a 23 de Julho de 2002 no Coliseu

cada vez mais me arrependo de ter falhado os U2, mas agora já não há volta a dar-lhe...

AV disse...

Então na Febre lá estivemos pelo menos os 2 (o mque significa que será mais velhote que os vintanistas do blog), gramando Táxi, NZZN, Adelaide "Baby Suicida" Ferreira, salvo erro, e outros que tais, não tendo a certeza se os UHF também vieram com os Cavalos de Corrida ou se isso foi em outro local.

AV1

joao figueiredo disse...

eu era muito puto na altura, lembro-me essencialmente do barunho e da fumarada :D

mas já passei dos vinte, sim... :D

joao figueiredo disse...

mas acho que os UHF vieram, sim ...

Joaquim Nobre (JJ©N) disse...

Velhos tempos! A febre com os UHF, GNR (os fundadores), Taxi, etc.
O concerto do U2 em 93 (também estive lá) pelo contrário, foi uma desilusão para mim (e são um dos grupos meus preferidos) em comparação com outros grandes concertos que vi em Alvalade, Bon Jovi (ao vivo são do melhor), o grande senhor Bruce Springsteen(o melhor show a solo que já vi na minha vida)e o melhor e mais espectacular concerto de todos os tempos em Portugal: Pink Floyd...Quanto ao Depeche Mode, são fantásticos, outro grupo de quem gosto muito e também gostaria de ver ao vivo...fica para outra vez!

AV disse...

Eu os Pink Floyd também só se for ao vivo...
Porque é muito polémica entre as minhas amizades a opinião que tenho não sobre a qualidade da música (muito boa, admito) sobre os efeitos dos seus álbuns na minha capacidade de dormir (quase todos os álbuns a aumentam), com excepção do Dark Side of the Moon e das colectâneas.
O resto é soninho garantido à 3ª faixa, desculpem lá a heresia, quase tão grande como a dos cartoons sobre o Maomé.

AV1