quinta-feira, fevereiro 16, 2006

João Lobo - A Entrevista II.1

Não sendo simpatizante ou militante do PS, passo em claro o espaço inicial, bem alargado, ocupado na entrevista a analisar os resultados eleitorais e que, no fundo, passa pelo auto-elogio e pelo deselegante ataque a posteriori aos adversários socialistas. Há que saber perder e que saber vencer.
Se João Lobo critica - com alguma razão - a arrogância de alguns dirigentes locais do PS, talvez devesse também olhar-se ao espelho. Já em matéria de queixas quanto à agressividade usada na campanha, ele que olhasse para as suas fileiras e deixasse a conversa por aí, por respeito à verdade e aos bons costumes.
Quanto à análise dos resultados das Presidenciais, que não se percebe o que está a fazer na entrevista mas isso não é comigo, percebe-se que JL só está interessado em sublinhar a vitória local de Jerónimo de Sousa. Tão satisfeito está que os cartazes continuam por aí, um mês depois das eleições, não sabendo nós se o aluguer do espaço foi pago ao trimestre.
Mas a seguir é que vem matéria de algum "sumo". Ora vejamos:

Neste mandato que agora começa, que prioridades coloca no seu mandato?


“Nós lançámos o nosso compromisso eleitoral que tem um lema : ‘ um concelho melhor para viver e trabalhar’. Esse compromisso eleitoral definia dez linhas de estratégia para o mandato. O nosso objectivo é implementar essas linhas estratégicas.
A primeira visa a valorização da identidade do concelho, que tem a ver com a sua cultura, a sua afirmação quer na Área Metropolitana de Lisboa, quer na Península de Setúbal, onde estamos inseridos. Nesse sentido queremos valorizar a própria natureza e identidade cultural do concelho da Moita.
Somos um município que é polinuclear, com quatro núcleos fortes, em termos populacionais, que são a Baixa da Banheira, Vale da Amoreira, Alhos Vedros e Moita. Tendo dois outros núcleos, em termos populacionais, menos expressivos, que são os casos de Gaio- Rosário e Sarilhos Pequenos. Mas, cada um destes núcleos e cada uma destas freguesias, com características muito especificas e com identidades muito próprias.”

Pasme-se...
João Lobo afirma que o concelho é polinuclear.
Isto é visão !
Mas depois baralha-se todo, afirmando que «nesse sentido queremos valorizar a própria natureza e identidade cultural do concelho da Moita», logo antes de dizer que cada uma das freguesias tem «características muito especificas e [têm] identidades muito próprias».
E aqui é que está a quadratura do círculo que eu gostava que ele entendesse e não apenas enunciasse.
Que definisse o que entende por identidade do concelho e que depois desmontasse as identidades específicas de cada freguesia. Ia ser o bom e o bonito.
Porque há muita gente que se está nas tintas para os toiros, os conselhos taurinos, os congressos taurinos e as marmitas em cima das árvores com os bois por baixo. E parece ser só nisso que João Lobo pensa quando afirma querer projectar a identidade do concelho na região de Setúbal e na Área Metropolitana de Lisboa.
O problema é que ele não pode definir o que entende por "identidade" do concelho, pois se o fizer à sua maneira e dos seus novos compagnons de route taurinos, deixa de fora muita gente, incluindo os que no seu partido têm uma visão muito pouco simpática deste marialvismo passadista do Sol e Toiros.
Mas há sempre melhor pois, quando instado a explicar qual a estratégia a usar para esse feito notável que será a projecção da identidade do concelho para, sai-se com a conversa das acessibilidades e centralidades, para a qual não há paciência:


«Nós queremos, cada vez mais, ter um papel afirmativo e ter um papel importante na Península de Setúbal, isso, de facto, com as novas acessibilidades, com o IC32, a Ponte Vasco da Gama e o nó de ligação à Moita, digamos que retirou o concelho da Moita e a sede do concelho da situação em que estava, dando-lhe uma nova centralidade, valorizando o seu território.”»

Mas qual nova centralidade ?
Tentar sair do IC32 às 6 da tarde e ficar encurralado até à rotunda das Avezinhas, muitas vezes ainda em plena faixa de rodagem porque não souberam dimensionar correctamente todos aqueles acessos e agora até a malta que vai para Palmela e para o Penteado vai fazer a rodinha?
É isso a nova centralidade ?
Mas desde quando uma estrada permite projectar uma identidade ?
Quanto muito pode facilitar o acesso a quem queira por cá passar, mas a projecção de uma identidade não é bem isso. É algo ligeiramente, l-i-g-e-i-r-a-m-e-n-t-e, mais complexo.
E claro que retirou a sede do concelho da situação em que estava, mas a Alhos Vedros e à Baixa da Banheira as novas centralidades não chegam e a CREM não vai resolver nada a quem tenha de ir para a zona norte da Baixa da Banheira ou para qualquer ponto de Alhos Vedros.
Por isso, esta é uma conversa que não se entende se não como propaganda pura e simples ou como justificação para urbanizar e lotear a esmo os terrenos (o que se andará a passar ali pelo Carvalhinho, que só se vê terra revolteada e tubagens ao léu ? de que estão à espera certos terrenos urbanizados nas zonas N, O, P do Vale da Amoreira ?) que ainda podem valer alguma coisa e dar a ganhar aos comensais de certos jantares freiráticos.
Mas para fazermos contas às 10 linhas estratégicas cuja implementação JL afirma ser trabalho (ou apenas "sonho") deste mandato, estaremos cá para ver em 2009, quando as desculpas começarem a chover e as maravilhas anunciadas por estes dias tardarem em aparecer ou em ter quaisquer efeitos positivos na vida da maioria dos munícipes.
Mas não nos apressemos, que a entrevista ainda vai no adro e não chegámos às partes relativas à Educação e à Economia, que são bem boas para a malta rir, só rir de tanto pregão deitado ao ar.

AV1

4 comentários:

Mário da Silva disse...

Mas para fazermos contas às 10 linhas estratégicas cuja implementação JL afirma ser trabalho (ou apenas "sonho") deste mandato, estaremos cá para ver em 2009, quando as desculpas começarem a chover e as maravilhas anunciadas por estes dias tardarem em aparecer ou em ter quaisquer efeitos positivos na vida da maioria dos munícipes. - AV1

Mas quais quê! O homem já disse nessa mesma arenga que não se vai recandidatar. E para quê? Para perder ou para trabalhar mais? O homem já tem a reforma dourada e já não precisa de mais nada.

Até mais.

Anónimo disse...

Mas ainda não cheguei a essa parte da entrevista. Isso deve ser para aí no 6º post a propósito da dita.

Anónimo disse...

com um estafermo de mulher que ele tem a mandar lá em casa (e na camara) como é que pensam que anda a cabeça do lobo? muito lucido está o rapaz!viva jerónimo!viva as arroteias!PCP PCP PCP.....

Anónimo disse...

:D
:D
:D
(mas com o sentimento de que "cada piada tem uma vítima")