sexta-feira, fevereiro 10, 2006

Pensamentos avulsos

Se a Badoca contactou várias autarquias da zona, sondando da disponibilidade para a instalação do Parque Temático, porque é que o presidente João Lobo afirma que era necessário negociar tudo em segredo, para ter uma vantagem em relação à concorrência ?
É que se os contactos existiram como se afirma na memória descritiva que já postámos, o segredo era desnecessário, porque os outros já sabiam; se o segredo era mesmo necessário, é porque a história oficial que nos foi contada não corresponde à realidade.

Se a razão de destruir as zonas rurais e florestais do concelho para lotear e urbanizar a esmo é porque o financimento das autarquias é como é (isso nos explica repetidamente o amigo Nuno Cavaco), não sendo esse financiamento determinado pelos espaços verdes, será que a CMM contemplaria a hipótese de derrubar prédios para proceder a reflorestações, caso o financiamento fosse calculado de outro modo ? A lógica seria, na sua essência, a mesma, pois para aumentar uma área seria preciso reduzir a outra.

AV1

7 comentários:

nunocavaco disse...

Caro Av, eu podia ter exactamente o discurso que o meu amigo tem sobre o assunto, mas isso não iria mudar em nada a realidade. Poderia até apontar o dedo todos os dias a Câmaras e construtores e outros que tais, mas como alguém costuma dizer só se faz o que deixam, e aí é que está o problema. O joão figueiredo no outro dia lançou uns dados interessantes sobre reabilitação e sem dúvida que mais vale recuperar e reabilitar do que construir, mas não existem incentivos para tal. Se calhar tenho mais uma tara a dos modelos de finaciamento, mas penso que se o dinheiro chegasse por via dos espaços verdes e reabilitações, por exemplo, as coisas mudavam, até porque as autarquias têm cada vez mais encargos (escolas, estradas nacionais, etc) e o estado não as retribui com verbas. Efectivamente as responsabilidades das Câmara Municipais são demasiadas para as verbas que recebem e geram. Já agora e não vou responder, vejam os índices de crescimento nas autarquias da área metropolitan e vejam em que lugar está a moita, poderão ficar surpreendidos.

AV disse...

Eu sei em que lugar está, mas isso não quer dizer que eu nivele a coisa por baixo e que fique satisfeito porque os outros estão pior do que nós.
Eu tendo a olhar para cima e a querer melhorar não a piorar.
Aliás, e repito isso com toda a convicção, o modelo de desenvolvimento da CMM passa por ir atrás dos outros e atrair quem queira trocar o mal da Margem Norte, pelo que vai ser o mal da Margem Sul.
O discurso das novas centralidades é disso prova.
Mas isso para mim não serve, não é estratégia.
Em vez de tentarem seguir modelos positivos, apenas apontam para os que estão pior, e que, salvo algumas excepções, foram para lá levados nos anos 80 e boa parte (ou todos) os anos 90 por gestões autárquicas de quem ?
Lembremos a Amadora, lembremos Loures, lembremos Almada, só fica mesmo a faltar Sintra no que há de maior asneira.
E isto não é demagogia, é mera constatação dos factos.

AV1

AV disse...

Ia-me esquecendo...
Registo o seu silêncio quanto à tese manca do secretismo.

AV1

joao figueiredo disse...

atrás referi 3 concelhos(sintra oeiras e amadora) que por essas datas estavam com presidências de 3 partidos diferentes. não desresponabilizo nenhum dos poderes autárquicos da época.

atirar as culpas dos males da área metropolitana de lisboa para cima do pcp é que não me parece sério.

AV disse...

Brincamos, pois...
Quem é que chamou a Área Metropolitana á conversa, fui eu ?
Não. O meu caro JF é que o fez para tentar contextualizar as asneiras moiteiras.
E eu repliquei-lhe que não se devem seguir os maus exemplos, venham de onde vierem.
Mas se formos fazer as contas, constatamos que no pós 25 de Abril, já com Os Verdes ou não, o PCP foi a força mais influente no conjunto destas autarquias e foi completa na península de Setúbal até à perda do Montijo e, durante algum tempo, de Setúbal.
Mas, e isso é que me interessa, gostaria de vê-los inflectir o rumo e mostrarem a diferença do vosso modelo.
O facto de PS, PSD e PCP darem, em toda esta zona, resultados parecidos na gestão autárquica, não é coisa de que se deva orgulhar, meu caro.
Não gostaria que a gestão CDU se distinguisse das outras, sem ser pelo preço da água, por muito importante que seja ?

AV1

joao figueiredo disse...

acho que não leu o que eu escrevi: "não desresposabilizo nenhum dos poderes autárquicos da época". isto inclui todos, não só o PCP, como o PS, o PSD e o CDS. e referi a area metropolitana exactamente para contextualizar o que é a prática nacional, empurrada por uma lei do financiamento das autarquias, que por vezes nem sequer é cumprida pelo estado. isto não é uma questão de orgulho, é uma questão de organização do poder local.

também lhe disse atrás que no nosso concelho, que tem defeitos, não se caiu no erro de construir em altura, por exemplo, e isto reflecte um cuidado com o ordenamento, que não vejo noutros concelhos (com o PCP no poder, ou não).

mas doderia ser melhor? meu caro, sou um eterno descontente. acho que tudo poderia ser melhor

AV disse...

Quanto à construção em altura, que também não é praticada em Palmela, em Alcochete, no Montijo e em outras zonas próximas poderiam, porventura, aventar-se algumas ideias, para além da bondade natural dos regulamentos autárquicos:

a) A fartura e baixo preço do solo urbanizável, que permite bom lucro sem ser preciso construir em altura.
b) A necessidade de manter uma vantagem comparativa nos preços da habitação, por outro lado, desaconselha a construção de edifícios com mais altos custos de manutenção (elevadores, pinturas exteriores, espaços para garagens em vários níveis subterrâneos).
c) As próprias características do solo de muitas destas zonas, não sendo eu geólogo, desaconselham construção que implique alicerces muito fundos pois ainda me lembro do caso de um construtor que tive o acidente de conhecer, de fora daqui, que foi alegremente construir para o Lavradio, numa zona de antigas salinas, perto do Centro de Saúde, e saiu-lhe a sorte "grande" quando começou a escavar o terreno.

Isto e mais pode ajudar a explicar certas opções.
Não ajuda é a explicar a construção dos barracões da Helly-Hansen sem passeios do lado da rua Vasco da Gama em Alhos vedros ou o alargamento da Gefa para cima da zona que devia envolver a Igreja.
Mas, claro, isso foi antigamente. Os novos já não são responsáveis.

AV1