quarta-feira, maio 10, 2006

AVP Mestre-Escola

Digam-me o que disserem e arranjem a resposta psicológica mais retorcida para explicar a minha picuinhice com certos erros por parte de quem os não devia cometer em matéria de língua materna.
Culpem o pânico das reguadas na Primária dos tempos da outra senhora.
Culpem a má qualidade dos meus professores de Português até ao 8º ano na Secundária da Moita ou então da arborescente dos sintagmas que me deixaram à mercê, sem dó nem piedade, dos bons professores que tive em seguida.
Podem até culpar o facto do professor Alberto - aquele mesmo que não tinha mãos - ter sido um dos que mais admirei quando andei na Escola.
Podem mesmo culpar aquele professor da Faculdade que me ensinou que não se acentuam advérbios de modo desde meados do século XX. Ou mesmo a professora que, perante o meu descuido nos primeiros tempos de utilização de uma impressora de agulhas, me acentuou a vermelho todas as carências de acentuação de "ís" e "ús" de um trabalho com várias dezenas de páginas.
A partir daí passei a ter mais cuidado, comprei dois prontuários ortográficos, mais um par de dicionários e até investi nos seis volumes do Houaiss comprado a preço de Círculo de Leitores.
Agora erro mesmo por ignorância, carências de formação impossíveis de resolver, ou então por dislexia digital pela pressa de escrever.
Por isso, embirro solenemente - tal como o Brocas - com a expressão "benvindos a...".
Acho que qualquer instituição pública devia ter níveis mínimos de conhecimentos para não fazer deste tipo de asneiras.
Só que o mal é geral e apercebo-me que quem tem a responsabilidade de colocar as placas de entrada na freguesia de Alhos vedros sabe tanto de português como um qualquer hoteleiro alemão.
Na reportagem sobre o hotel onde vai ficar a nossa selecção de futebol, lá apareceu a faixa com o atroz "Benvindo Portugal".
Eu rendo-me. Não vale a pena ter percorrido os 3 dicionários e 2 prontuários que tenho em casa, mais o corrector ortográfico do Word, que me confirmam estar eu certo e os "benvindos" errados.
O mundo não pode estar errado eu certo, por estranho que isso pareça.
Deve ser qualquer tipo de conspiração.
Mas eu insisto.
Benvindo ou Benvinda são nomes próprios, nunca formas de acolhimento e saudação.
Mas prontos, portantos, a modos que ficamos assim e eu vou ver se não vos chateio mais com isto, que ainda me aparece como há uns meses alguém que dizia licenciado(a) em Literaturas a desdizer-me e a ajudar a pontapear violentamente a língua de Camões, que é a nossa.
Podem dizer-me que isto é irrelevante.
Olhem que não, olhem que não!

Zé Letrinhas

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