Respeito o seu sentir.
Mas os meus filhos mais velhos andam a aprender a língua castelhana.Nesta, como em todas as grandes questões nacionais, ninguém nos pediu a opinião. Decidiram por nós. Sou - já fui mais - anti europeu. Até porque o mínimo que os cabrões dos políticos deveriam ter feito seria o referendum inicial para a adesão.
Se não me pediram a opinião, não me sinto vinculado num projecto comunitário que não é o meu.(É que estes gajos não percebem que o sentido da votação dos referenduns mobiliza as pessoas e auto-responsabiliza-as. Com medo do "não" nunca nos pediram a opinião e nunca conseguiram mobilizar nem aqueles que votariam "sim")
Mas as coisas estão em marcha. Irremediavelmente. Espanha em breve vai ultrapssar os índices de desenvolvimento da Alemanha alargada. Em Espanha vive-se melhor. Cada vez melhor. E em Portugal cada vez pior.
Eu poderei fazer como os Moçambicanos - ser independente e morrer à fome por falta de capacidade da sociedade para se organizar. Mas não tenho o direito de obrigar os meus filhos a esse sacrifício. Até porque eles, se ficarem por cá, vão passar a vida a trabalhar para pagar as reformas dos actuais activos - exactamente aqueles que rebentaram com "isto". A minha obrigação de pai não é deixar em herança um andarzinho a cada um dos meus filhos. É proporcionar-lhes meios de subsistencia que possam ser viáveis fora do falido Portugal e, em especial, em Espanha que fica aqui ao lado. E prepará-los mentalmente para essa inevitabilidade.
Eu aceito ficar consigo e com outros nacionalistas a tentar que este titanic não vá ao fundo. Se bem que não acredite. Mas não tenho o direito de obrigar os meus filhos a tão quixotesca tarefa.
A classe política - toda ela, não há inocentes - lixaram este país. Os resultados estão aí, não há discussão possível. Desde Abril que todos estes gajos andaram a pensar que sabiam o que estavam a fazer. E só fizeram disparate. Faz lembrar aqueles que receberam uma boa herança e que a desperdiçaram em maus investimentos sucessivos, deixando os filhos com dívidas para pagar, se quiserem ficar com a quinta da família.
Ora bem, por mim, a quinta da família pode ir. Perdi o gosto por ela. É cara de mais, tenho que pagar a muitos caseiros que não dão lucro nenhum e os encargos da dívida esgotam o pouco rendimento. E cada vez que tenho um lote de eucalitos pronto para venda, alguém lhe pega fogo. Você fala-me do seu dever de cidadão. Se calhar, como as coisas estão, eu só cumpriria o meu dever de cidadão empenhado se começasse por eliminar todos aqueles que recebem de pensão de reforma mais do que a medida da respectiva capitalização de descontos, bem como todos aqueles que, no activo e com rendimentos suficientes, estão a receber pensões de reforma em acumulação. Ou seja, o meu dever de cidadão passaria por fazer justiça. Para que aqueles que mais recebem não recebessem mais do que a devida medida a que teriam direito.
Se calhar o meu dever de cidadão passaria por aí. Como "isto" já não tem emenda possível que não seja naqueles termos drásticos, prefiro desistir.
Vou dizer uma coisa terrível: mas bardamerda para o Portugal em que vivemos. Bardamerda para o resultado obtido pelo sistema instituído após Abril (atenção que nem de perto nem de longe estou a defender o antes-Abril, estou apenas a olhar para o que temos após 32 anos de trabalho).
E sei que não sou o único a pensar assim.
Não leve a mal o desabafo.
Carneiro
6 comentários:
Não, não é o único a pensar muito do que escreveu.
Agora eu recuso-me a mandar a minha descendência aprender castelhano.
Não o proíbo, mas não o incentivo.
Lá bato eu na mesma tecla, antes aprender dinamarquês, norueguês ou sueco.
Ou mesmo mandarim.
Ou japonês, que eu até tentei mas já era velho para aprender novas línguas.
Trata-se de um desabafo. Parece mesmo que nunca esteve cá. Lembra até aqueles comentadores politicos que já se esqueceram que foram deputados e ministros, e são muitos os que escrevem no mesmo jeito liberalista. Enfim!... um desabafo próprio de quem pensa que não ter nada a ver com isto...
Caro pi-pi,
Votei em quase todas as eleições. Cheguei a estar filiado num partido, mas saí por ter percebido que a minha presença era inútil em termos de influenciar o sentido da vida. Falar ou estar calado era a mesma coisa. Não queriam opiniões, ainda menos acções. Queriam palmas para o chefe (nem vale a pena dizer qual o partido, porque esta definição aplica-se a todos). Fui voluntário em algumas ONG's - digamos assim para simplificar. Sou ecologista convicto e faço cerca de 7000 Km por ano de bicicleta. Sou militante anti-tabaco. Sou dador de sangue e de medula óssea.
Pago os meus impostos, vivo de uma actividade que dependede do meu mérito e da minha capacidade de trabalho, nada recebendo do Estado, tenho 3 filhos - um dos quais até é campeão nacional de 2ª categorias em determinada modalidade -, não tenho dívidas á excepção do crédito á habitação, tento ser boa pessoa em cada dia não atropelando os direitos de ninguém. Ainda hoje no metro, "perdi" um comboio, seguindo só no próximo, para ajudar um velhote de "canadianas" a sair no rossio.
Parece que, nomeadamente por isto, tenho direito a uma opinião, sem que me teçam processos de intenção.
Não lhe vou retribuir imputando-lhe processos de intenção, pois não o conhecendo, a tanto não me atrevo por simples delicadeza pessoal e por elementar bom senso.
(para os amigos AV: para a próxima avisem-me antes de me lançarem ao mar. Sendo sempre uma honra ser levado a post, a verdade é que neste blog isso pode ser pessoalmente perigoso, atendendo ao que se tem passado aqui no último ano.)
É verdade, tem razão.
Para a próxima, avisamos com antecedência.
Mas é que, mesmo quando não concordo com tudo, gosto quando alguém se expressa com pés e cabeça, razões e lógica.
Caro Carneiro
o meu comentário não limita o seu direito de opinião, não existe sequer qualquer processo de intenção. Comentei aquilo que escreveu concluindo tratar-se de um desabafo.
Mas podia começar assim:
- Tenho filhos, um casal, já tenho uma neta e mais vêm a caminho, trabalho e luto, estive e estou envolvido em actividades a "troco de nada"... e continuava por aqui fora a escrever sobre mim, faceta que não quero p'lo simples facto de chatear-me quando aparece alguém que me impõe mais de 5 minutos a falar de si próprio.
Participo nos blogs, entre outros motivos pela hipótese do anonimato, sou politico como os demais e até como os que afirmam que não são, só que não sonho ser eleito, o ideário que abraço coloca-me a duvidar das práticas prevalecentes de exercício do poder.
Neste quadro prefiro a clandestinidade.
Até que gostei.
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