sábado, maio 06, 2006

Pois, eu contra a Espanha...

... não tenho só a questão nacionalista e aquele ânimo que me faz gostar de galegos, asturianos e um bocadinho dos catalães e ter uma imensa fobia ao resto.
Como se perceberá pela conversa a propósito deste post com o leitor Seringador, a verdade é que a minha recusa de Espanha passa, ao contrário do que é costume, exactamente por factores económicos.
Admiro-lhes a permanência de um ideal imperial activo que sustenta o seu expansionismo económico e a sua política de exportação cultural, mas não posso esquecer que a sociedade espanhola é atravessada por problemas muito parecidos aos nossos e não sei se uma Ibéria nos safaria ou se apenas nos sugaria o tutano para os centro aglutinadores de Espanha.
Veja-se que as regiões espanholas mais próximas de Portugal têm indicadores muito próximos dos nossos e o do desemprego é bem pior, sendo que o do PIB per capita fica quase todo concentrado em torno de Madrid e do nordeste que circunda a Catalunha.
Não nos iludamos, uma iberização de Portugal não nos resolverá absolutamente nada, pois será sempre feita de acordo com a lógica do mais forte.
Para além disso, sempre gostei muito do Índice de Desenvolvimento Humano, como elemento comparativo do desenvolvimento das nações e de acordo com ele a Espanha está em 21º lugar no mundo e nós em 27º. Se é para invejar alguém, apesar do frio, invejemos a Escandinávia ou aqueles países que os nossos emigrantes bem sabem escolher para dar o salto, o Canadá ou o Luxemburgo. Ou mesmo a Irlanda ou a Bélgica, que não são potência económicas globais, são pequenos países mas souberam governar-se, desenvolvendo-se a partir da extrema pobreza (Irlanda) ou recuperando de sucessivas devastações causadas pela guerra (Bélgica).
Quanto a Espanha, deixem-na estar aí ao lado e, quando necessário, conversemos com ela, façamos negócios mas, por amor de todos os santinhos, não a tratemos como se fosse da família, pois não passa de uma vizinha armada em mandona.

Zé Tuga (com uma digitalização apressada de páginas do Anuário para 2006 do Expresso)

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