... ou eu passei a ler mais depressa com a idade ou cada vez mais os artigos nas revistas especializadas ou nos jornais "de referência" ficaram mais curtinhos e digeríveis em poucos minutos.
Ainda me lembro quando O Jornal ou o Expresso implicavam umas horas de leitura atenta.
Agora parece tudo pastilha elástica e ao fim de meia hora já cuspimos tudo e não ganhámos grande coisa com isso.
Nas revistas é o mesmo, tudo se faz de peças muito curtinhas ou então os "dossiers" temáticos são mosaicos de pequenos textos, como se a capacidade de concentração dos leitores tivesse sofrido uma brutal compressão e não aguentasse mais de três parágrafos seguidos.
Na velha Música & Som ou no Se7e um bom disco levava um par de páginas a analisar, assim como um que fosse mau levava pancada da boa, mas espalhada por larga prosa. Agora, na nova Blitz, em duas páginas criticam-se 10 cd's de uma vez e todos têm 3 ou 4 bolinhas, pois nenhum é mau ou péssimo e nenhum é excelente, porque isso não se conseguiria justificar em menos de 1000 caracteres.
Depois chamam-me erudito porque prefiro a Atlantic ou a Vanity Fair (já que New Yorker ou a Harper's não aparecem por aí e quando aparecem custam os olhos da cara e quase mais alguma coisa) onde os artigos de fundo se espraiam por dezenas de páginas, à boa velha moda do ensaio jornalístico.
Acho que nos tempos que correm até os artigos da Playboy dos anos 70 e 80 fariam figura de obras-primas, quando comparados com a indigência da imprensa tuga actual.
Mas se calhar a culpa é mesmo nossa, dos leitores, que já perdemos a maior parte dos critérios de exigência e qualidade e nos chega ler os títulos para seguirmos em frente que logo se vê o resto no Telejornal.
AV1
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