quarta-feira, agosto 30, 2006

Vocabulário Actual da Gestão Autárquica Moiteira - Letra G

Gestão - aquilo que em boa verdade a "gestão" autárquica moiteira desconhece para além da designação. Os exemplos podem ser mais que muitos, distribuídos por diversas áreas, embora para todos eu já saiba que a justificação é que o mesmo se passa em outras autarquias e de outros partidos e que os críticos perderam as eleições e que por isso deviam estar calados. Mas comecemos pelo mais óbvio, que é a gestão financeira do município. Neste particular eu apenas destacaria o facto de tudo, em matéria de investimentos, andar ao sabor dos calendários eleitorais e depender quase em exclusivo do sector imobiliário e das famosas "contrapartidas", pois as capacidades financeiras próprias estão nas lonas. Durante 2005 gastou-se a bom gastar, mas muitas vezes por conta e seguindo os bons e velhos hábitos do rol ou do calote. Não havia dinheiro para grande coisa, mas guardou-se tudo para as últimas para parecer que se fazia muito, do Vale da Amoreira ao Largo do Coreto em Alhos Vedros, mais uns reperfilamentos à la carte, da Avenida 1º de Maio na Baixa à famigerada Marginal, que já leva uns quantos meses de atraso na conclusão da obra. Distribuiram-se generosamente outdoors pelo concelho a anunciar obra feita, a fazer e por fazer, enquanto não se pagavam as contas à Cabovisão e à Amarsul. Grita-se que a água é a mais barata deste sistema solar e galáxias anexas, mas mal se ganham as eleições estabelece-se uma taxa a cobrar na dita factura, para financiar a recolher dos RSU que a Amarsul afinal fica mais cara do que a encomenda. Por outro lado, quando as coisas apertam, descobre-se que, afinal, quem tem formação na área não é quem fica com o sector das Finanças e quem fica diz publicamente que não percebe do assunto. Em matéria de gestão de pessoal, a CMM é, como sempre foi, uma agência de empregos melhor ou pior pagos, levano mais de um terço do orçamento e sabendo seleccionar sempre a preceito quem tem direito a mais uns extras, quer em absentismo ao trabalho para tratar de "outros assuntos" e "contactos com a população", quer em horitas extraordinárias resultantes do que não foi feito durante o expediente regular. Se alguém perde o lugar numa câmara da mesma cor no Alentejo, lá vem com o cargo de assessor(a) para aqui, onde nunca tinha estado, para ajudar um neófito presidente a perceber o que claramente não percebe. Quanto a outro tipo de "gestões", da ambiental à urbanística, nem é bom falar porque tudo é feito segundo dois princípios: o que é que é costume fazer-se? e o que é que se consegue arranjar? Os resultados são os que sabemos, oscilando entre a mais profunda rotina instalada e a cedência completa aos interesses privados mais convenientes e mobilizáveis para jantares pré-eleitorais na Quinta da Freira. Ao fim de mais de 30 anos do mesmo tipo de "colectivo" seria de esperar menos amadorismo, menos soluções casuísticas e uma capacidade mínima de inovação dos métodos, abandonando a cópia de modelos estafados e cada vez mais recusados a norte do Tejo. Mas é o que se consegue arranjar e, graças isso sim a uma óptima gestão de clientelas e fidelidades, a máquina de gerar maioriaas absolutas é a que funciona sempre em pleno.
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Carlos Rui Engavetado (especialista AVP e bacharel em matéria económico-financeira)

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