Erotismo - um dos pontos fortes do moiteiro-macho, criatura que deita testosterona por todos os poros e feromonas numa quantidade tal que, misturado com um atractivo cheio a suor requentado, é capaz de deixar qualquer elemento da espécie vacuum, digo, do género feminino sem capacidade de resistência num raio para aí de uns 15 mm. Mas para além desses atributos naturais que, só por si são esmagadores, o moiteiro tem ainda um savoir-faire de experiência feito na maneira como lida com as mulheres e que o torna, nas suas próprias palavras, um engatão do caraças, capaz de pedir meças a qualquer Zezé Camarinha dos Algarves. Para começar, a preparação do aspecto físico é algo fundamental e em que o moiteiro chega a perder 20 segundos de manhã, enquanto veste a t-shirt de alças com furinhos no peito e a correntinha de ouro ou pechisbeque com o crucifixo ao pescoço, mais a calcita de ganga justinha ao material, com o chumaço bem puído de tanto ser coçado. E depois há o óculo escuro, para dar o ar misterioso, e o gel para amainar a melena. E depois é toda uma dinâmica corporal na forma como passa as horas sentado no café, de pername bem aberto para não entalar nada, e o modo lascivo como escurrupicha a imperial, deixando aquela espuma sensual nos pelos do bigode, lançando olhares em redor em busca de presa feminil acessível, a que ele carinhosamente chama as minhas gajas. A técnica da conquista é subtil e é exercida preferencialmente através do chamado dichote, ou dito espirituoso (és boa cum'ó milho já vai estando gasto e agora passou para o anda cá que eu até as fufas ponho a gritar por mais), lançado para o outro lado da rua quando vê passar desde a mais jovem pré-púbere à pós-balzaquiana mais arriada de maquilhagem que o David Bowie nos anos 70. É que com ele marcham todas, pois como espírito profundamente democrático que é, o moiteiro não é especialmente selectivo e qualquer uma que lhe dê um olhar piscoso, mesmo que seja por causa de uma fagulha nos olhos, de saltos altos e saia que mostre um naquinho de carne, conta como alvo a abater, tanto melhor se for casada com outro moiteiro, que ele não gosta de se sentir amarrado, mesmo quando é casado desde os 17 anos porque engravidou - foi um azar do caraças, pá, estava cá com uma pedra - uma colega da Escola em mil novecentos e setenta e coiso se for moiteiro já entradote nas idades, ou noventa e coiso se for moiteiro ainda com direito a cartão-jovem. De qualquer modo um gajo não 'tá paralítico e então, nos seus sonhos, depois de uma tarde de tramoço e minuins, o moiteiro sonha ter engatado este mundo e o outro, desde a Jolie - se eu a apanhasse é que ela sabia o que era um homem - até à Jennifer Lopez - eu partia aquela bilha toda - não esquecendo uma paragem rapidinha na Maria Albertina do 2º esquerdo que tem o Fanã na choldra e precisa de uns cobres para pagar a roupa dos miúdos.
AV1
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