quinta-feira, agosto 24, 2006

Os Lugares-Comuns do Aparelhismo

Nas conversas no Rostos Online temos agora direito a uma segunda investida, desta vez mais longa, com a nova vereadora da CMBarreiro, de sua graça Regina Janeiro onde podemos apreciar em primeira mão como se faz uma carreira dentro de um partido desde a adolescência, para isso bastando começar a gritar contra a PGA.
Comecemos pela apresentação em jeito de lugares-comuns:

«Regina Janeiro, Vereadora da Câmara Municipal do Barreiro
Regina Janeiro, filha de operário da MAGUE. Licenciada em Psicologia. Mãe de dois filhos (gémeos – Diogo e Tiago, de 6 anos). É do signo Balança. “Não acredito mas leio sempre, quando tenho tempo. Não faço disso o meu guia” - salienta. Recorda o tempo em que trabalhou com Jerónimo de Sousa – “Ele é uma excelente pessoa, com um coração tamanho do mundo.” “Costumo dizer que eu sou a soma de todas as partes da minha vida. Não houve nada na minha vida que não interferisse naquilo que eu hoje sou”.»

Agora o início da saga de "luta":

«“Na Associação de Estudantes travei uma das lutas politicas mais interessantes, recordo que em dois meses caíam três ministros da Educação.Foi uma luta mesmo a sério acabámos com a PGA – Prova Geral de Acesso.Foi o ano em que houve três ou quatro erros na construção da prova que levou ao fim dessa prova.»

Agora a saga profissional, toda, todinha dependente do partido, um exemplo de aparelhismo a 100%, sem qualquer tipo de vida real pelo meio, o que explica que, depois, o Colectivo se sinta dono das almas e dos cargos de todos, pois sem o Colectivo não há emprego:

«Afastada pela PGA de entrar na Faculdade, após ter concluído o Secundário, refere que – “Como não entrei no primeiro ano para a Universidade fui trabalhar para a JCP, como funcionária da JCP. A minha vida foi sempre muito ligada ao Partido.
(...) Regina Janeiro, depois de funcionária da JCP, passou a exercer funções de funcionária no PCP, encontrava-se no 3º Ano da Faculdade. Na brincadeira comentamos – “Chegou ao 3º ano na Faculdade foi promovida para o partido”. Sorri com uma gargalhada.
(...) “Depois fui trabalhar com Luís Sá para as autarquias, na campanha de 1997."
(...) Em 1998 foi para Évora. Uma nova experiência de vida.
(...) O PS conquistou a Câmara de Évora. A perda das eleições, pela CDU, fez que Regina Janeiro deixasse para trás aquela cidade, onde deixou amigos e recordações da Festa de S. João.»

Agora a inesquecível experiência moiteira, interlúdio necessário a caminho de outros voos, mas tendo tempo para perceber a inexperiência de João Lobo para o cargo, coisa que todos nós já sabíamos mas não podemos dizer alto, por causa do Colectivo:

“Vim para a Moita. Na Moita foi mais simples. Vivia em Alverca e trabalhava na Moita.A minha integração na Câmara Municipal da Moita foi muito fácil. Trabalhei com o Presidente João Lobo. Ele era Presidente há um mês, nunca tinha tido essa experiência. Tinha sido Vereador do Urbanismo. Teria, talvez, uma visão mais restrita do fazer cidade.

Essa da "visão restrita do fazer cidade" do presidente Lobo, infelizmente ainda não a perdeu, mas adiante.
Agora as razões, que pelos vistos a própria desconhece, porque acabou em vereadora no Barreiro, terra que notoriamente não conhecia. A responsabilidade foi de novo do senhor Colectivo:

«Porque foi escolhida como candidata no Barreiro? – perguntámos. Remeteu a resposta para o Partido. Refere que foi convidada pelo responsável Concelhio, Nuno Costa, com quem tinha, em tempos, integrado a Direcção Nacional da JCP. “Mas acho que foi uma decisão do colectivo” – sublinha.»

Mas o mais, mais interessante, e se estiverem para se dar ao trabalho de ler toda a entrevista é reparar como a moçoila foi trabalhar para sítios que não conhecia, onde teve de aprender tudo sobre as terras, apenas graças à vontade do Colectivo que, certamente, nunca encontrou nesses locais ninguém capaz de desempenhar tais funções.
E é assim que os jovens fazem a sua vidinha nos tempos que correm, no PCP, no PS, no PSD, no CDS. Vão para a Escola, entram em "lutas", dão nas vistas, assinam o cartãozinho e lá se vão amanhando.
Tudo isto é triste, tudo isto é Fado.

AV1 (não comecem os camaradas com percurso parecido com tretas, a dizer que isto são ataques pessoais, que eu não conheço a moça e as declarações são todas dela e públicas, de onde até retirei as referências mais recentes à família)

6 comentários:

Anónimo disse...

A esta ascensão não é alheia o facto da personalidade efusiva da dita e muito “tu cá, tu lá”. Quem chega ao pé, não se livra de beijinhos e abraços.

Depois o aspecto físico também conta. Nós podemos ser camaradas...mas não somos cegos!

O cruzar das pernas em sessões plenárias são famosas e dignas de um...digamos “Instinto Fatal-3”

Parece que quem não gostava muito era a titular da alcateia!

Admirador secreto

Anónimo disse...

O blogue a-sul desapareceu ou é impressão?

AV disse...

Hoje à tarde deixei lá um comentário
O aspecto pode ser resultante apenas de um problema de republicação interrompida do blog, ou outra coisa, mas esperemos que seja um acidente.
O AVP já teve percalços parecidos, uns por acção externa e outros por azelhice própria, devido à impossibilidade de republicação do blog.

AV1

Anónimo disse...

Seus marotos...
Parabéns... excelente post.

Também li a entrevista e achei-a um "must".

Aquilo é que é uma defensora da luta de classes, que fibra operária... ainda estava no berço e já combatia a pide, não tenho dúvidas de que esta é uma miuda que sempre soube o que queria para si própria (perdão... quero dizer para o colectivo).

P.S. (Apenas um pequeno reparo)
Certamente ocorreu um lapso alheio à vossa vontade, mas reparei que, na frase abaixo transcrita, os ilustres amigos se esqueceram de incluir os jovens que militam no BE.

"E é assim que os jovens fazem a sua vidinha nos tempos que correm, no PCP, no PS, no PSD, no CDS. Vão para a Escola, entram em "lutas", dão nas vistas, assinam o cartãozinho e lá se vão amanhando."

Estou certo de que não estou perante nenhuma forma intencional de tentar menorizar a relevância desse partido, até porque eu tenho a certeza de que efectivamente existem jovens que militam no BE, porque eu até já os vi nas listas eleitorais (correndo portanto o risco de serem eleitos por esse partido e exercerem cargos publicos)...

Espero que me perdoem esta minha marotice, atenta, irónica...mas sem malícia.

Um abraço
Barreiro Cáustico

AV disse...

Tem toda a razão com a agravante brutal de, quase invluntariamente, eu ter assistido a parte da formação do embrião do BE e de, mais tarde, alguns antigos colegas, não tão amigos quanto isso e já não muito jovens, terem transitado para essa agremiação política exactamente através do berro na rua e da "luta" em liceus e Faculdades.
Falha minha, certament, pois o BE já era tachista ainda antes de existir e eu vi com estes olhinhos que a terra há-de comer se estiver com vontade.

AV1

Anónimo disse...

Not even a shread of vision.

Que tristeza. E a Experiência de Vida foi toda ganha a trabalhar no Partido.
Grande experiência que deve ter sido, sim senhor.

Estamos mesmo entregues à bicharada, mesmo que bonita e fatal.