Feiras, Festas, Festarolas e Festivais - e outros que tais, tornaram-se a moderna estratégia da gestão autárquica moiteira para tentar mostar dinamismo, animação e fingirem que a Moita se tornou uma "nova centralidade", aquele ridículo chavão que inundou os textos introdutórios ao projecto de revisão do PDM. Na falta de uma qualquer ideia séria e consistente de Desenvolvimento como deve ser, a visão estratégica do poder moiteiro ditou que agora o concelho se deve "projectar" e à sua imagem e assim atrair as atenções para a sua "identidade", tornando-se a "capital" de qualquer coisa que alguns ainda almejam ser as boiadas. Cá por mim, quem devia ser "projectado", e tipo homem-canhão, eu bem sei que seria. Nesse sentido, em vez de investirem em algo que que consiga atrair ou produzir riqueza para o concelho, entrámos num ciclo de apoio a festividades várias, desde as Feiras/Festas de Maio e Setembro, passando pela Feira Equestre, aquele Congresso Internacional do ano passado sobre Vilas e Cidades Taurinas e todo e qualquer tipo de evento que se relacione com quadrúpedes vagamente aparentados com a "Festa Brava", passando ainda por exibições bovinas no conhecidíssimo e mundialmente aclamado "Pavilhão das Vacas" a.k.a, Galeria Municipal de Exposições. Esperamos ainda pelo Festival Permanente do Burro e pela Exposição Municipal de Mulas, eventos que julgo de fácil produção com tanto material indígena disponível e capazes de estar todo o ano em exibição. Estamos pois perante um exemplo magno da velha política romana do Pão e Circo para alegrar a malta, estratégia velha de mais de dois mil anos, agora transformada, em Bosta e Bois, com largadas pela manhã e touradas ao cair da tarde para a malta se alegrar e votar em executivo tão apegado às milenares tradições taurinas locais. O único problema é que apesar de tanto arreganho e pertinácia em promover tudo o que tenha a ver com Bois, Cavalos, Burros e Mulas, depois alega-se falta de recursos para apoiar outras actividades ou, numa fórmula brilhante, declaram-se os serviços "sobrelotados" para ajudar logisticamente iniciativas que fujam à fórmula-base achada para "projectar lá fora a identidade do concelho". Mas em contrapartida há dinheiro para comprar bilhetes às mãos-cheias para festivais em que se glorifica um qualquer Pedrinho que matou um touro numa praças com milhares de cobardes anónimos a ulular e para lhe pagar a correspondente multa, caucionando assim uma ilegalidade evidente. Enfim, eu sei que o mundo pula e avança mas nunca pensei ver tamanha união fraterna entre marialvismo taurino serôdio e ortodoxia estalinista militante, só faltando que qualquer dia convidem o Zoio para fazer uma reprise comemorativa daquela famosa corrida de touros de um outro Setembro. Isso sim, é que seria o lamber de velhas feridas e a comunhão final entre velhos inimigos.
Arnestino Basófias (especialista AVP em festejos populares)
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