Betão - está para o autarca moiteiro ou amoitado como a bosta está para o moiteiro simples. Em sua opinião, o betão, mais o seu amigo alcatrão, deviam fazer parte de tudo o que existe à superfície da terra, ou mesmo debaixo dela. O sonho do autarca moiteiro dinâmico e progressista é poder vir a olhar do Alto de São Sebastião e, em redor do dispensável Tejo (só útil para propaganda e outdoors de campanha), ver um imenso mar cinzento de betão de diversas formas e, vá lá, cores artificiais. As árvores deveriam ser feitas de betão, com folhinhas pintadas, pois teriam toda a vantagem de não ser necessário regá-las, assim como nem era preciso podá-las na Avenida moiteira todos os anos. Todo o tipo de pavimento devia ser alcatroado, para melhor manter a água à superfície e, através da inevitável evaporação, reconduzi-la às nuvens. Em prol deste esforço betoneiro, já se conseguiram importantes avanços na freguesia da Baixa da Banheira onde praticamente é impossível ver uns metros quadrados de terreno não impermeabilizado, a menos que seja arenoso ou resultado de entulhamento. Com o novo PDM, está previsto que essa acção de adoração pelo betão se estenda em forma de tapete desde a Baixa da Banheira até à Moita, recobrindo todo o espaço disponível de casario betonado, excepção feita aos chamados parques de "origem antrópica", onde os sistemas de regagem se encontram apropriadamente localizados para regar tanto a arcaica relva como o pavimento em seu redor. Existe mesmo a ideia de proibir qualquer tipo de construção com materiais que não sejam o betão ou em que o betão não esteja presente de forma maioritária. Em zonas de mais difícil betonagem, devido à humidade dos solos, prevê-se o entulhamento com os resultados das demolições do casario vejo feito à base de tijolo e telha, seguindo-se um aplainamento e o devido loteamento. Só assim o Desenvolvimento e o Progresso serão possíveis e quem diz o contrário é porque é um reaccionário e conservador, virado para o passado.
Urbalino Oficioso
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