sábado, novembro 19, 2005

A Gripe dos Sobreiros





Não tão mediática como a Gripe das Aves, a Gripe dos Sobreiros tem atacado em Portugal com uma intensidade assinalável.
Nos últimos tempos, com especial incidência na Margem Sul.
Veja-se o blog A Sul para entendermos melhor como é um fenómeno bem disseminado por estas paragens, com traços de verdadeira pandemia.

Os sinais mais notórios para o olhar do transeunte é a marca branca em torno do tronco das árvores.
É a marca da sua sentença de morte/abate, a mais curto ou médio prazo.
Mas isso é apenas o momento em que a doença se manifesta para o exterior.
O mal começa a laborar muito antes.
Começa quando alguém empreendedor começa em busca de terreno para erguer um qualquer tipo de empreendimento - indústria de vão de escada, alimentada a subsídio, loteamento para moradias ou apartamentos, caixotes para cash and carry - com o mínimo custo possível. Para isso são ideais terrenos cujos proprietários acreditem ter limitações a qualquer utilização rentável e, por isso, os estejam dispostos a vender a baixo custo.
Depois, é necessário que essas limitações, se existiam, desapareçam em nome do interesse público ou do ordenamento do território ou até da consolidação do perímetro urbano ou peri-urbano, patati, patatá.
Por fim, convém que, se acaso existirem entraves legais que se não consigam eliminar pelas imediações, o alheamento fiscalizador do Estado Central se obtenha por omissão ou, caso isso se revele claramente impraticável, se parta para a prática do facto consumado.
É por essas alturas que as riscas brancas surgem a marcar os espécimes incómodos para o avanço do Progresso.
Mas sempre tudo em nome do interesse público (!), da produção de riqueza (!!), da obtenção de postos de trabalho (!!!).
Depois assinam-se umas petições internacionais a favor da preservação da selva amazónica ou contra o abate de espécies exóticas no sueste asiático e o pecado fica lavado, à moda de uma cómoda penitência secular.

AV1 (com foto do Oliude)

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