Antes de lá irmos, só termos em atenção que de acordo com as declarações de João Lobo sobre um «projecto que está em elaboração é na Quinta da Fonte da Prata, na zona entre a Estrada Nacional e o Caminho de Ferro», e se olharmos para o mapa geral proposto para o novo PDM, isso significa que os "usos múltiplos" de toda a zona a sul e oeste do Plus até ao palacete da Fonte da Prata irá ser para barracões, o mais certo de cash and carry ou coisas do mesmo género, que é o conceito de empresa por estas bandas. Ou seja, a zona envolvente do Palacete, que ainda tem uma feição de espaço verde natural, é para ser convertida em solo impermeável e loteado para o tal uso "industrial, ficando o dito Palacete positivamente entalado por casario a oeste e zona "industrial a sul e este.
Mas passemos ao Parque Temático, o filet-mignon da visão de desenvolvimento de João Lobo para este mandato (ou talvez não...).
O desenvolvimento do projecto do Parque Temático integra essa linha estratégica?
“Esse projecto tem vindo a ser trabalhado há algum tempo e, na nossa opinião, contribuirá para animar e desenvolver o tecido económico do concelho, também contribuirá para a afirmação do município da Moita. A dimensão deste projecto ultrapassa a Área Metropolitana de Lisboa e tem uma projecção de carácter nacional. É um projecto para nós muito importante…”
Apontemos algumas notas de forma quase telegráfica:
a) O projecto tem vindo a ser trabalhado «há algum tempo». Por quem e com quem ? Desde quando e que relação tem com os acertos no PDM que levaram ao prolongamento do seu processo de revisão ?
b) Como é que um projecto destinado a visitas de lazer com entradas e saídas rodoviárias à medida dos clientes pode «desenvolver o tecido económico do concelho» ? Até tenho umas ideias sobre isso, mas não me parece que sejam aquelas em que JL está a apensar, se é que está mesmo a pensar em algo de concreto.
c) O Parque terá uma «projecção nacional». O Portugal dos Pequeninos também, mas o tecido empresarial de Coimbra tem pouco a ver com isso. O mesmo com Santiago do Cacém e o Badoca Park original.
Mas, não é um projecto demasiado ambicioso?
“Bom, o projecto é ambicioso, demasiado penso que não, mas, este é um projecto de um privado, ao qual nós estamos a responder, proporcionando um espaço com as características e com as condições que permitam aos empresários avançar com o projecto. Penso que qualquer empresa quando desenvolve um projecto faz prospecção, faz análise de mercados e, se avança para a sua concretização é porque, naturalmente, tem confiança nos seus resultados. Nós estivemos disponíveis até agora, e estamos disponíveis, para acompanhar, como parceiros, porque é um projecto com muito peso e importante, para qualquer município na Área Metropolitana de Lisboa.”
d) João Lobo já começa declaradamente a jogar para canto a responsabilidade pelo projecto, atribuindo-a a "um privado", ao qual "estamos a responder". Repare-se a forma como diz que "penso que qualquer empresa desenvolve um projecto faz propspecção,,,, e, se avança....". Isto, em bom português, significa que João Lobo ou não sabe se existem mesmo esses estudos ou, se os conhece, lhe levantam dúvidas e está a abrir a porta para a eventualidade de alguma coisa não correr bem. Ou, como me disse alguém e eu não quis levar logo a sério, para a eventualidade de, se os estudos que vierem a ser feitos se revelarem pouco favoráveis, o destino do Pinhal do Forno vir a ser outro. Sublinhe-se que JL diz textualmente que pensa que a empresa fez os estudos, não afirma que esses estudos foram feitos ou que lhe foram dados a conhecer.
e) Na mesma linha, a afirmação de terem estado disponíveis (o contínuo uso do plural refere-se a quem, afinal, se quase ninguém sabia, por causa do necessário secretismo e renhonhó ?) e continuarem disponíveis porque o projecto é muito importante. Parecendo que não, detecto aqui hesitação, e nem é extremamente ténue. Parecem ter nascido dúvidas onde antes eram só certezas. Pode, ou não, ser um bom sinal, dependendo do que isso vier a acarretar no futuro.
Enfim... não quero ser bota-abaixo gratuito, mas muito anda para mim no domínio do wishfull thinking, que em português se pode traduzir por fia-te na Virgem e não corras ou faz figas e espera que o Céu não te caia em cima. Mas, e como veremos no final destes posts, como João Lobo aparenta retirar-se em 2009, não vai estar cá para prestar contas se o falhanço se concretizar. O que (o falhanço, é claro) eu espero sinceramente que não aconteça, porque não gosto de ter razão na antecipação de tragédias para o bem comum do município, pois a maior parte dos meus concidadãos não têm o futuro já assegurado.
AV1
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