Desconversar quando não há interesse em argumentar
Esta regra tem várias modalidades: a primeira delas, bem velhota nos anuários da contra-propaganda, é ler (in)voluntariamente mal o que se escreve e responder com grande alarido ao que não está escrito ou a um aspecto lateral do assunto em apreço. Exemplo: afirma-se que existem detritos deitados fora na zona ribeirinha de Alhos Vedros e que seria possível determinar a sua origem e multar os prevaricadores; reacção: afirmar que se está a acusar alguém na autarquia de ser responsável pelo lançamento dos ditos detritos. A técnica é fraca mas ainda colhe adeptos e a claque convidada aplaude. A segunda modalidade é tomar uma crítica a uma parte, como uma acusação ao todo. Nova exemplificação: apontam-se casos de incompetência técnica ou incúria de alguém numa autarquia de um partido ou o mau comportamento de um construtor; reacção: gritar ai jesus que estão a chamar corruptos a todos nós e estamos a ser perseguidos por sermos quem somos. A terceira é inversa da anterior; faz-se uma avaliação geral do desempenho de um organismo, instituição ou autarquia e alguém assume isso como um ataque pessoal. Mais outro exemplo: afirma-se que o modelo de desenvolvimento urbano de um concelho está errado e que a localização de uma REN não é a mais correcta; reacção: um responsável técnico ou político aparece a clamar pela sua honra e a afirmar-se impoluto, chamando malvados a quem o quer difamar na sua dignidade. A quarta, e última por agora, modalidade de desconversar, e a mais retorcida é a de lançar a ponta de um boato, aproveitando um qualquer rumor sem origem definida, e depois atribuí-lo especificamente a outrém, para aparecer a defender o visado ou visados. Exemplo mais notável desta técnica foi - e aqui concretizo porque foi um caso nacional extremamente mediático - o que envolveu há uns bons anos Carlos Candal, Paulo Portas e Pacheco Pereira quando se candidatavam a deputados por Aveiro; nesse caso, JPP aplicou esta técnica de modo sublime. Por cá, já foi tentado uma ou duas vezes com notória falta de jeito e consequências medianas.
Em comum, todas estas modalidades ou técnicas de desconversar visam evitar o debate sereno dos assuntos, elevando o tom e metendo muita indignação ao barulho, com o objectivo de remeter o adversário à defesa (se for cordato e assustadiço) ou eliminar qualquer possibilidade de se perceber o que está em discussão (quando o adversário replica da mesma forma). Estas modalidades são, por outro lado, muito diferentes da utilização da ironia ou do sarcasmo, mas são-lhe muito sensíveis, pois tentam aproveitar a ocasião para usar literalmente o que alguém usa(va) de modo figurado. A regra, na sua essência, revela normalmente incapacidade ou falta de interesse em desmontar a essência da argumentação adversária, mas apenas tentar barrá-la com ruído.
AV1
Esta regra tem várias modalidades: a primeira delas, bem velhota nos anuários da contra-propaganda, é ler (in)voluntariamente mal o que se escreve e responder com grande alarido ao que não está escrito ou a um aspecto lateral do assunto em apreço. Exemplo: afirma-se que existem detritos deitados fora na zona ribeirinha de Alhos Vedros e que seria possível determinar a sua origem e multar os prevaricadores; reacção: afirmar que se está a acusar alguém na autarquia de ser responsável pelo lançamento dos ditos detritos. A técnica é fraca mas ainda colhe adeptos e a claque convidada aplaude. A segunda modalidade é tomar uma crítica a uma parte, como uma acusação ao todo. Nova exemplificação: apontam-se casos de incompetência técnica ou incúria de alguém numa autarquia de um partido ou o mau comportamento de um construtor; reacção: gritar ai jesus que estão a chamar corruptos a todos nós e estamos a ser perseguidos por sermos quem somos. A terceira é inversa da anterior; faz-se uma avaliação geral do desempenho de um organismo, instituição ou autarquia e alguém assume isso como um ataque pessoal. Mais outro exemplo: afirma-se que o modelo de desenvolvimento urbano de um concelho está errado e que a localização de uma REN não é a mais correcta; reacção: um responsável técnico ou político aparece a clamar pela sua honra e a afirmar-se impoluto, chamando malvados a quem o quer difamar na sua dignidade. A quarta, e última por agora, modalidade de desconversar, e a mais retorcida é a de lançar a ponta de um boato, aproveitando um qualquer rumor sem origem definida, e depois atribuí-lo especificamente a outrém, para aparecer a defender o visado ou visados. Exemplo mais notável desta técnica foi - e aqui concretizo porque foi um caso nacional extremamente mediático - o que envolveu há uns bons anos Carlos Candal, Paulo Portas e Pacheco Pereira quando se candidatavam a deputados por Aveiro; nesse caso, JPP aplicou esta técnica de modo sublime. Por cá, já foi tentado uma ou duas vezes com notória falta de jeito e consequências medianas.
Em comum, todas estas modalidades ou técnicas de desconversar visam evitar o debate sereno dos assuntos, elevando o tom e metendo muita indignação ao barulho, com o objectivo de remeter o adversário à defesa (se for cordato e assustadiço) ou eliminar qualquer possibilidade de se perceber o que está em discussão (quando o adversário replica da mesma forma). Estas modalidades são, por outro lado, muito diferentes da utilização da ironia ou do sarcasmo, mas são-lhe muito sensíveis, pois tentam aproveitar a ocasião para usar literalmente o que alguém usa(va) de modo figurado. A regra, na sua essência, revela normalmente incapacidade ou falta de interesse em desmontar a essência da argumentação adversária, mas apenas tentar barrá-la com ruído.
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