quinta-feira, agosto 03, 2006

Um gajo está a crescer e...



... fica com imensos problemas em relação ao país em que vive, mesmo sem conseguir perceber todas as segundas leituras da letra da canção.
Porquê?
É pá, em primeiro lugar ficámos em último lugar.
E no ano seguinte, em protesto, até nem mandámos lá ninguém.
Em segundo lugar, houve todo aquele bruáá em torno do que se teria passado em torno da voz da Simone e do que lhe teriam dado a comer ou beber e que um tipo nunca percebeu, mesmo com as posteriores explicações da senhora, tendo a coisa acabado por tornar-se um dos mitos eurovisivos portugueses.
Em terceiro lugar, aquela do "quem faz um filho, fá-lo por gosto" ia provocando uma síncope nas nossas avós e tias mais velhas e causou um olhar embaraçado das mães, enquanto os pais se riam a gosto.
Felizmente, nos heróicos tempos da tv a preto e branco, tivemos a sorte de não ver a cor da fatiota que ela levou que, mesmo para um sportinguista, parece uma declaração irlandesa de independência.
Por outro lado, a nível interno começava a saga das vitórias de canções com letras duvidosas do Ary dos Santos que teria o seu apogeu com o Fernando Tordo em 73 (ao qual voltaremos), nunca tendo eu percebido, a posteriori, como é que alguém tão "alternativo" no plano político e pessoal conseguiu papar tantos Festivais da Canção durante o "antigo regime".
Mas o essencial era que um gajo era puto, não percebia nada de política (com tão poucos anos só o Louçã é que já era anti-fascista), não percebia nada das letras, não gostava muito das cançonetas, mas já se começava a ficar farto de ver Portugal ficar sempre no pódio dos últimos.

AV1

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