terça-feira, fevereiro 22, 2005

Do Culto da Personalidade ou Da Acefalia em Estado Avançado

Pode parecer fixação, mas por estes dias e horas, os escribas do Acidental estão em tamanho estado de choque que, ou não piam, ou escrevem textos absolutamente indescritíveis, frutos de uma dor que se adivinha imensa pela visão da partida do seu Farol.
O excerto que se segue é apenas parte de um longo post em que se manifesta, em Verbo emocionado, um Amor ao Líder que, suponho eu, nem José Estaline terá conseguido fazer despertar nos seus mais devotados seguidores.
Ora vejam lá se isto não é mesmo um caso doentio:

«Paulo Portas foi um presidente de partido honrado, um ministro honrado, um político honrado, atributos que junta há sua já conhecida sagacidade ao serviço de princípios; ao seu talento como o último dos tribunos; ao seu espírito aventureiro, bem plasmado na obra O Independente, que do nada tomou a dianteira na oposição aos abusos cavaquistas; e a uma inabalável vocação de decência e polidez que muito escasseia por cá. Paulo Portas tinha muitos dons e talentos, que mantém certamente. Mas nesta derrota, nesta nossa derrota, juntou-lhe a honra que muitos ex-presidentes da república, ex-primeiros ministros, e ex-presidentes de partido, com bem mais anos de intervenção pública, jamais terão.
Todos os que tiveram o privilégio de trabalhar com Paulo Portas, e nós tivémo-lo, sabem o diferente que é e a marca rara que deixa.
É por isto, sobretudo, que Paulo Portas não pode sair e não deve sair.»
[Inês Teotónio Pereira e Jacinto Bettencourt]

(Aquele "há" logo no início do texto é um daqueles erros de palmatória, para mais em juventude de boas famílias e melhor educação, mas parece que a Ortografia não é muito venerada por aquelas paragens, a dar fé aos deslizes que chegaram aos próprios cartazes da campanha de Coimbra. Mas neste caso teve ter sido o desgosto a toldar a ideia, a lágrima a embaciar a visão, o tremor a fazer hesitar a pena.)

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