Apesar da importância dos temas chamados para destaque de capa na Visão nº 101 de 23/Fev a 1/Mar/95 (o caso do gang do Multibanco estava no auge), essa semana era a do rescaldo do Congresso que decidiu a sucessão de Cavaco Silva no PSD.
Nesse que foi o primeiro Congresso partidário fortemente mediatizado, com os três canais generalistas pela primeira vez a fazerem uma cobertura alongada do evento, Fernando Nogueira assumiu a liderança perante a concorrência de Durão Barroso e Santana Lopes (então fortemente desavindos). Judite de Sousa pela RTP, Carneiro Jacinto pela SIC e Artur Albarran pela TVI fizeram as honras da casa e falaram horas a fio.
Nesse fim de semana, e pela primeira vez desde as transmissões da Constituinte, diverti-me a sério a ver discutir estratégia política ou o que passou por isso.
Foi esse o Congresso em que Luís Filipe Meneses iniciou uma longa série de disparates, com a tirada dos "sulistas, elitistas e liberais", em que Santana Lopes apareceu pela primeira vez com o que ficou conhecido por "santanetes" e em que Durão Barroso subiu o primeiro degrau para a futura liderança do PSD.
Para vermos a distância a que estamos na coisa, Carlos Quevedo escreveria o seguinte excerto a meio da sua crónica da cobertura televisiva:
«Santana Lopes foi sem dúvida a estrela, Era o único que ia a todas e nunca se enervava com os jornalistas, opositores ou apoiantes. Bom humor, indignação convincente, bem acompanhado, intervenções unanimemente elogiadas, o sr. dr. passou um bom fim-de-semana.»
Se ler as crónicas de Paulo Portas em 1995 parece fazer-nos crer que parámos no tempo, ler as crónicas sobre Santana Lopes parece fazer-nos crer que demos um salto para outro século, um outro milénio.
Pensando bem, foi mesmo isso que aconteceu.
Estamos na mesma, mas também estamos muito diferentes.
Eu, por exemplo, continuo a coleccionar jornais e revistas, mas estou razoavelmente mais careca.
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