quinta-feira, fevereiro 24, 2005

Do Onanismo

Um visitante mais desagradado com as nossas prosas, deixou-nos mais para baixo um comentário (post Dois Apontamentos, 3º comentário) em que nos acusa de "práticas onanísticas".
Passando sobre a questão se é mais correcto "onanísticas" ou "onanistas", gostaríamos de agradecer a esse comentador anónimo a hipótese de abordarmos um tema civilizacional tão importante como Onanismo, injustamente esquecido pelo Bloco de Esquerda quando traz para o debate político as suas questões fracturantes.
Por outro lado, dá-nos o pretexto ideal para abrirmos uma secção dedicada ao Sexo, essa grande invenção da Mulher, do Homem e não só.
Ora bem, antes de mais, o que se entende por Onanismo ?
Normalmente, e de forma errónea, o Onanismo é associado a masturbação (pensamos que é esta visão redutora que o nosso visitante terá pelo sentido da sua prosa).
O que está errado.
Em outros casos, está associado a penetração anal.
O que também está errado.
Em terceiro, está relacionado com o coito interrompido.
Aqui já se está num território mais certo.
O Onanismo, nas suas origens, está ligado à figura bíblica de Onã, que se viu na necessidade de casar com a viúva do seu irmão primogénito Er, morto por Deus por ser mau. Onã, contudo, não seguiria as instruções de seu pai Judá que o mandaria engravidar a ex-cunhada e usaria do seguinte método para o evitar de acordo com a seguinte passagem do Génesis (38, 9):

«Onã, porém, soube que esta semente não havia de ser para ele; e aconteceu que, quando entrava à mulher de seu irmão derramava-a [à semente] na terra, para não dar semente a seu irmão.»

Deus também não gostaria da ideia e acabaria por matar Onã (de forma sumária e logo no versículo seguinte), tal como fizera com o seu irmão Er.
Daí a prática do Onanismo ser considerada contrária aos desejos divinos.
Pois bem, fica bem claro pela passagem bíblica que Onã foi o primeiro malandreco a usar, de forma oficial, o coito interrompido para evitar a procriação, espalhando a sua semente de forma ostensivamente infértil.
Significa isto que o nosso amigo comentador nos acusa, a um tempo, de termos casado com uma nossa cunhada e de com ela praticarmos o coito interrompido.
Nada menos próprio, como poderão atestar as minhas três cunhadas, todas raparigas sérias.
Quanto ao chamado coitus interruptus, não posso assegurar que o não tenha praticado há um par de décadas, no final da adolescência, em situações de maior aflição mas, confesso-o, não é coisa que me seduza muito no presente.
Por tudo isto, meu caro leitor insatisfeito, talvez estivesse a pensar em qualquer outra coisa quando nos acusou de "práticas onanísticas".
Sei que escreveu que não nos voltaria a visitar.
No entanto, acredito que não resistirá em voltar ao local do crime.
Se o fizer, por favor, elucide-nos sobre aquilo que escreveu, porque achamos que se terá expressado de forma errada ao acusar-nos de Onanismo.
Por nós, tudo bem, mas não é justo para as nossas cunhadas.

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