quarta-feira, fevereiro 23, 2005

A Galeria dos Monos Nacionais III


Manuel Serrão merecia, por certo, ter inaugurado esta Galeria de Monos pois é, de longe, o abrenúncio mais destacado da nossa já de si desenvolvida classe de abrenúncios e burgessos, em geral, e da categoria particular dosa abrenúncios portuenses e portistas. Aliás, foi com ele, que há mais de uma década iniciei uma coluna de escárnio e mal-dizer numa rádio local.
Em boa verdade, Manuel Serrão por si mesmo não é ninguém em quem repararíamos por outra razão que não fosse o facto de ocupar imenso campo de visão e espaço, mesmo se isso não se fica a dever à cavidade craniana.
Manuel Serrão aparece, é falado e tem imensos contactos, amigos e “amigos” porque é filho de um senhor chamado Daniel Serrão, ao qual, mesmo tendo posições perfeitamente antagónicas em relação às minhas, reconheço calor, convicções sérias e inteligência.
Já MS é apenas a prova evidente da degenerescência das linhagens e de como tantas vezes a descendência vive a sua glória momentânea graças aos méritos dos progenitores e a pesar de todas as suas incapacidades e insuficiências, desde logo manifestas na diminuta capacidade craniana que exibe em relação ao corpo, idêntica ao dos diplodocos pré-históricos. Aliás, sempre me fascinou a desproporção entre o diâmetro do pescoço do homem e o do seu crânio, só explicável pela necessidade de alimentar intensamente de sangue e oxigénio a pequena aldeia de neurónios que sobrevive no cocuruto de MS.
MS, quando jovem, foi mandado estudar para Lisboa (Un. Católica, é claro, tanto por interesse como por necessidade). Aluno pouco acima de medíocre (o que reconhece, mas desculpa com aquelas balelas da rebeldia e inadaptação à vida académica e lisboeta), mas cedo se constatou que fora do seu ecossistema natural protegido, o rapaz nunca se destacaria em nada, pelo que lá voltou para o seu Puorto onde, tal como as “tias” de Lisboa e da Linha se tornam “decoradoras de interiores” e “organizadoras de eventos”, ele se fez “jovem empresário”.
“Empresário” é o que naquelas paragens chamam a quem monta qualquer tipo de negócio com base em subsídios, mas que ganha maior dimensão se a criatura em causa for de “famílias”. Sem jeito para nada, em geral ou particular, com excepção para a produção de perdigotagem e disparates em catadupa, a par de má-criação em doses industriais e um interesse pelo sexo feminino perfeitamente inverso à sua capacidade intrínseca (fora o livro de cheques) de sedução, MS destacou-se na área da vida nocturna e da “moda”. Claro que o nome, posição e contactos do papá ajuda(ra)m, assim como uma carteira recheada multiplica o encanto, as amizades e a capacidade de recrutar quem faça o trabalho que depois se assina.
Tudo estaria mais ou menos, com o abrenúncio em seus domínios, se MS não se achasse no direito de se mostrar opinador, primeiro nos cafés mas depois na TSF, na SIC (Noite da Má-Língua) e mesmo nas revistas de sociedade (acho que a Lux), agora no próprio Expresso (cuja delegação nortenha, tal como outros núcleos jornalísticos, ele sempre sobre como adular com as "prendas" certas) e no SIC-10 Horas (Odete Santos, ao que te submetes), onde se foi espraiando na demonstração de toda a sua natural rudeza e bovinidade. Agora até site pessoal tem na net, mesmo se pouco tem para oferecer, tirando uma foto com o Pinto da Costa.
Se na TSF era fácil ignorá-lo, já na SIC, se queríamos ouvir o Miguel Esteves Cardoso ou o Rui Zink a “cecear”, tínhamos que gramar com o mastronço incontinente do MS a gesticular sem parar. Misógino até á medula, conseguiu hostilizar quase todas as mulheres que passarem pelo programa (a Rita Blanco era demasiado “despassarada” para lhe ligar muito); moralista hipócrita, defendeu princípios que nunca praticou (é muito católico mas fez uma festa para os amigos quando se divorciou), utilizando argumentações ofensivas e devairadas (há um par de semanas no SIC 10-Horas defendia a liberdade dos fumadores com base na obrigatoriedade dos não-fumadores sairem dos locais onde estivessem a ser incomodados).
Mas isso é tudo no domínio da fala.
E falar, por Zeus e Júpiter, o homem fala que nem uma matraca desgovernada. Já quanto à escrita, a coisa fia mais fino e eu sempre duvidei que ele tivesse a capacidade de articular mais do que 4 palavras de 2 sílabas.
Quis a Divina Providência que eu, há um par de anos, por ironia do destino, ficasse frente a frente com um dos computadores usados pelo seu “ghost-writer”, aquele que então lhe estruturava as prosas que MS assinava como suas, podendo assim provar a minha teoria ao aceder a umas dezenas de textos que lhe foram preparados.
Claro que os textos bajulavam quem lhe interessava para os negócios, com destaque para estilistas (Portugal Fashion) e modelos (é sócio de uma agência) que queria contratar. Loas ao FCP e a Pinto da Costa que nem vale a pena qualificar. Tudo escrito em teclado alheio e que ele, à moda do Bush Jr, se limita a papaguear.
Tudo escrito, é claro, por alguém bem colocado na imprensa nacional de referência, em troca de belos pagamentos oficialmente declarados a propósito de outros serviços. Pagamentos esses que, por outro lado, também servem para assegurar permanente “boa imprensa” relativamente às suas iniciativas num par de jornais que destacam tudo o que ele faz, como se maravilhoso fosse.
Realmente, digam o que disserem, nascer em berço de ouro ainda conta muito.
E quem quiser dizer que o que eu tenho é inveja, esteja à vontade que eu não me ofendo.

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