João Lobo - A Entrevista I

A entrevista/conversa dada por João Lobo, presidente da autarquia moiteira ao Rostos Online, nas suas quase 30 questões e respostas, apresenta-se como uma espécie de manifesto de intenções para este mandato e por isso vai directamente para o nosso arquivo, para mais tarde recordar.
Por outro lado, mostra-se muito distante das declarações por escrito que mandava para O Rio nos últimos tempos, de manifesto desafecto pela publicação, embora também aqui, em certos momentos, não se perceba se são respostas do entrevistado ou uma espécie de síntese feita pelo entrevistador.
Embora ainda se esteja à espera do JM de amanhã e das suas prosas opinativas, sempre de elevada qualidade, João Lobo perfila-se como o grande candidato à segunda atribuição do prémio Nalguinhas da Moita, por muito do que diz, por muito mais do que não diz e por uma certa incapacidade para entender - ou expressar o seu entendimento - sobre algumas questões que parecem menos cómodas.
De qualquer modo, prometemos desde já uma detalhadíssima análise deste misto de entrevista e testemunho político, que irá durar o tempo que for necessário aqui no AVP, porque a matéria é pasto para muitas refeições deleitosas, ou não fosse o visado um notável aficionado da festa brava.
Por agora, comecemos pelo apanhado que antecede a entrevista, propriamente dita:
.

« Enquanto exercer as funções de Presidente da Câmara a aposentação está suspensa.

A construção da CREM, a electrificação da Linha Barreiro- Praias Sado, a concretização do Parque Temático, reforçar a rede de equipamentos e o tecido económico, requalificação da zona ribeirinha, a Piscina Municipal da Moita e o Pavilhão Gimnodesportivo da Baixa da Banheira, são alguns dos sonhos que, João Lobo, gostava de ver concretizados até ao final do mandato (...).»

.
Vamos por partes, em matéria de preliminares:
a) Afinal a explicação sobre a aposentação, não é a mesma que foi apresentada no Jornal da Moita em réplica às acusações de Hélder Pinhão, as quais já eram uma cópia descarada de um texto aqui do AVP. Pelos vistos, e perante o incómodo de se perceber que a Segurança Social anda a financiar o PCP por via das reformas que revertem em parte para o partido, agora anuncia-se que a dita está "suspensa". Não temos razão para duvidar, mas lá chegaremos ao tema. Gostaria só de saber o que se passa com a do presidente da Assembleia Municipal, se acumula com outros proventos ou não, mas isso é outra matéria.

b) Parte dos "sonhos"de João Lobo para este mandato não dependem da sua acção (electrificação da linha do Sado, reforço do tecido económico) e, como é usual, se forem concretizados vai dizer que foi ele que teve a ideia, mas se não forem a culpa é do Poder Central.

c) Outra parte transitam de promessas pelo menos com uma década, como é o caso da Piscina da Moita, do Pavilhão da Baixa da Banheira e da CREM, já para não falar na requalificação da zona ribeirinha, esse mito suburbano que já nos deu o dique da Moita e a manutenção da lixeira a céu aberto de quase toda a frente ribeirinha norte da vila de Alhos Vedros.

d) Uma terceira parte não se entende, porque para quem afirmou tanta obra feita na campanha eleitoral, não se compreende como ainda é necessário reforçar a rede de equipamentos.

e) A última parte - o Parque Temático - fica como a grande incógnita destes últimos tempos, desde a claramente equívoca tese do secretismo concorrencial (então os outros vereadores da CDU iam contar algo à concorrência ?) até à forma como se pretende implantá-lo e com que contrapartidas. A avaliar pela habilidade negocial demonstrada nas últimas décadas, é de recear o pior para o bem comum.

Mas, e antes de finalizar esta primeira parte da minha análise, gostaria de retomar o assunto do post anterior, para afirmar - já que João Lobo parece conhecer que existimos e o que aqui se escreve - ao senhor Presidente que talvez não seja por acaso que no concelho da Moita a opinião verdadeiramente independente de partidos teve de se refugiar nos blogs e, mesmo assim, sentiu-se na necessidade de recorrer à utilização de nicknames como estratégia de defesa, sendo poucos os que dão o nome a cara, para além dos devidamente certificados e autorizados a fazê-lo em nome da causa.
Por agora vou deixar de lado a ignorância manifesta em relação ao que é ser-se anónimo ou incógnito. Se os repórteres estagiários das televisões não sabem fazer a distinção, o senhor Presidente, apesar de ex-"profissional da Educação" também não será obrigado a sabê-la.
Mas se este recurso aos nicks não é sinal da percepção da existência de uma democracia diminuída (como escreveu alguém, embora a nossa lógica de argumentação seja diferente), musculada e dada a vendettas, não sei o que será. Só se por cá se encontra talvez o maior covil de blogueiros cobardes do nosso país.

E mesmo para acabar, até um desafio de bolso: se o excelentíssimo senhor Presidente colocar na mesa todas as razões que estiveram por trás do secretismo negocial em torno do Pinhal do Forno e tornar públicas todas as facetas da negociação, demonstrando que em nada estão ligadas a alterações de última hora no projecto de revisão do PDM, de delimitação da REN e de algumas desanexações da mesma e da RAN, eu garanto que publico aqui a minha foto, com nº de BI, nº fiscal e cartão de eleitor da freguesia de Alhos Vedros.
Palavra de quem nunca faltou ao prometido, ao contrário do que se passou com eventuais promessas alheias sobre pulmões verdes e outras questões "políticas", que já se percebeu serem meras garantias de circunstância para apaziguar certos ânimos.

AV1