domingo, fevereiro 18, 2007

Passos Perdidos

Alguns Deputados à Assembleia da República eleitos por Setúbal continuam em silêncio sobre as graves suspeitas à volta do PDM da Moita

Questões importantes se podem colocar em democracia.
Esta é uma reflexão que não traz consigo respostas, antes só coloca perguntas, e simplesmente termina com interrogações.

Por exemplo:
• Para que serve um Deputado?
• Qual é a fonte de soberania que está na base da eleição de um Deputado e de todo e qualquer representante eleito num Estado em Democracia? O Partido que o colocou em posição elegível? Ou os Eleitores a quem demandou o seu voto?
• E em função dessa relação, a quem deve um Deputado defender e acompanhar em primeiro lugar nas vicissitudes eventuais da vida política e nas aflições colectivas no decurso da Legislatura? Deve o Deputado andar sempre com os olhos postos nos de cima? Ou sempre atento às necessidades e apelos dos Eleitores da sua base eleitoral?
• E para sermos mais exactos, quando citamos ‘os de lá de cima’ e ‘os cá de baixo’, quem está na base de toda a soberania em países como Portugal? De quem fala a Constituição da República Portuguesa no nº1 do seu Artigo 3º - (Soberania e legalidade)?
• Qual o vínculo e o interesse regulares que um Deputado deve manter com todos os Eleitores, e nomeadamente com os Eleitores do Círculo pelo qual foi eleito?
• Na memória dos Eleitores, o que pesará mais: uma Campanha Eleitoral de 4 semanas ou uma presença viva e politicamente solidária ao seu lado durante 4 anos de legislatura?
• Será que merece resposta uma carta dirigida a um Deputado da parte de um grupo de Eleitores?
• Será que merece resposta um pedido de reunião colocado a um Deputado por um grupo de Eleitores?
• Perante problemas graves, de ética, de legalidade e de justiça altamente questionáveis, como são manifestamente os pontos negros do Processo de Revisão e do Projecto de novo PDM da Moita, importará a um Deputado tentar directamente conhecê-los e ouvir as partes, ou ignorá-los e silenciar a sua voz de Deputado, virando as costas aos Eleitores e imitando o famoso macaco sábio que não vê, não ouve, não pensa e nada diz?

Vêm estas e outras dúvidas a propósito do facto de registarmos com grato prazer e vivo reconhecimento o interesse e a afirmada solidariedade, traduzida em cartas e telefonemas de apoio e estima que temos recebido de alguns Deputados à Assembleia da República eleitos pelo Distrito de Setúbal.
Deputados que igualmente nos têm recorrentemente visitado, e nos têm igualmente recebido em múltiplas reuniões em São Bento.
Deputados que têm levantado a sua voz no Plenário da Assembleia e em numerosas outras diligências políticas em defesa da ética e da transparência na gestão da ‘res publica’ na Moita.
Deputados que têm colocado ao Governo da República e à Câmara Municipal da Moita inúmeros Requerimentos muito pertinentes sobre aspectos globais, ou direccionados com incidência certeira a alvos precisos relacionados com toda a nebulosa de urbanismo aparentemente sem lei misturado com negócios aparentemente sem freio no nosso Município.

É justo citarmos os nomes dos Deputados do Grupo Parlamentar do Partido Socialista Alberto Marques Antunes, Maria Manuel Fernandes Francisco Oliveira e Vitor Manuel Sampaio Caetano Ramalho
É justo citarmos o nome do Deputado do Grupo Parlamentar do PSD Luís Filipe Carloto Marques, Vice-Presidente do MPT Movimento o Partido da Terra
É justo citarmos os nomes dos Deputados do Bloco de Esquerda Mariana Rosa Aiveca Ferreira e Fernando José Mendes Rosas
É justo citarmos o nome do Deputado do :: CDS-PP Nuno Miguel Miranda de Magalhães

Outros Deputados à Assembleia da República, de outros Círculos Eleitorais, têm igualmente mostrado a sua solidariedade política para connosco. Mas nesta reflexão, citamos apenas os Eleitos por Setúbal.

Teríamos todo o prazer em poder citar outros Deputados eleitos pelo nosso Distrito, mas não podemos com igual justiça fazê-lo.

É natural que os restantes Deputados eleitos nas Listas do PS (Alberto Arons Braga de Carvalho , Ana Catarina Veiga Santos Mendonça Mendes , Joaquim Ventura Leite , Maria Teresa Filipe de Moraes Sarmento Diniz e Sandra Marisa dos Santos Martins Catarino da Costa ) e do PSD (Fernando Mimoso Negrão e Luís Filipe Alexandre Rodrigues ) possam de algum modo dizer que os seus Grupos Parlamentares têm dado a atenção devida à nossa resistência em favor da Lei e contra a escuridão, mediante a intervenção de outros dos seus pares.

Mesmo assim, uma sua atenção pessoal seria, será caso surja sempre saudada.

Mas o que dizer do silêncio e da ausência dos Deputados Francisco José de Almeida Lopes e Maria Odete dos Santos (Deputados do PCP na Assembleia da República - X Legislatura ) e da Deputada Heloísa Augusta Baião de Brito Apolónia (Partido Ecologista "Os Verdes" Grupo Parlamentar ) ?

Até à data de hoje, a sua intervenção e o ar da sua presença tem sido zero. Se amanhã nos procurarem ou responderem aos nossos inúmeros contactos e apelos, serão muito bem recebidos, é evidente. E por isso lhes agradeceremos então.

Mas entretanto, …
• Por que razão não respondem às nossas cartas e apelos?
• Por que razão não nos visitam nem nos recebem pessoalmente em São Bento?
• Por que razão não nos contactam nem mandam contactar, a dar conta do que ajuizaram ou diligenciaram após as nossas reuniões de trabalho e informação com os seus Assessores na Assembleia?
• Por que razão não tiveram 1 minuto para nos dizer “Boa tarde!” e nos cumprimentar pessoalmente quando nos reunimos com os seus Assessores na Assembleia da República, mesmo quando isso lhes custaria apenas 5 passos entre a sua mesa de trabalho e o nosso grupo de Munícipes especados à porta do seu Gabinete?

Seriam esses passos perdidos, se tivessem sido dados?
Ou seriam ganhos?

A vida nos ensinará.

Leitor

1 comentário:

Anónimo disse...

não se agiu convenientemente no caso recente de Setúbal e agora que alastrou às outras cidades da participação já se tem um grave precedente aberto...