Belo dia para votar

Já voltei.
Já votei.
É sempre engraçado voltarmos às salas da Primária, mesmo se do antigo lado das raparigas.
A animação que se nota é grande.
Mais do que entusiasmo, parece sentir-se no ar, e por uma vez em mais de uma década, um ambiente de alívio nas pessoas ao votarem.
Como se, desta vez, o voto servisse para algo, mais que não seja para descarregar uma irritação, um cansaço, um desânimo.
Fico sempre emocionado quando vejo as pessoas mais idosas, com dificuldade em andar, claramente mais incapacitadas do que eu, a mostrarem um ânimo autêntico para participarem numa eleição.
Por um lado, sinto-me culpado por me abster tantas vezes e não dar o devido valor ao acto de votar.
Por outro, desprezo ainda mais os que acham que votamos vezes de mais e que isso é um sinal (negativo...) de instabilidade.
Votar nunca pode ser um sinal negativo.
Digam os iluminados o que disserem.
Se eu pudesse votar todos os anos, estava lá sempre.
Quando passei a ir lá só de 4 em 4 anos, perdi a vontade.
Quatro anos é muito tempo, para eles ficarem com um cheque em branco.