Os três cenários interessantes de um regresso da Esquerda ao Poder são a maioria absoluta do PS e coligações do mesmo com o BE ou o PCP (leia-se CDU). Como característica comum entre elas apenas uma: qualquer voto à esquerda é, nestas eleições um bom voto, pois impede esta Direita de atingir o poder. Impede o PSD de o conseguir, o que é essencial para o país pelas razões que, quase quotidianamente Santana Lopes e os que o circundam mostram à saciedade, e impede o PP de se pode coligar com o PSD, nesse intuito, contribuindo para um (ainda) maior aumento do conservadorismo e clivagens sociais. O repto está por isso à Esquerda. Mas sendo a esquerda em Portugal mais plúrima no que a partidos diz respeito os cenários possíveis das suas conjugações reflectem realidades muito distintas.
Uma maioria absoluta do PS tem na sua virtude o seu maior vício: a concentração no PS de centro. Ajuize-se como se ajuize este "centro socialista" a verdade é que ele tem maior governabilidade mas também menor flexibilidade. Refiro-me a flexibilidade no que toca à abrangência do espectro político. Isto é, poder-se-á fazer mais mas dentro de um espaço mais pequeno. Para quem goste do Centro, o que é o caso da maioria dos portugueses, mesmo que inadvertidamente, é a melhor solução. Porque mais pragmática, menos conflituoso e potencialmente mais eficaz. Mas igualmente menos ousada nas possibilidades e só podendo ser ousada na concretização. Isto é, temos menos por onde escolher mas quanto ao que escolhermos podemos ir mais fundo.
Isto é assim porque uma coligação quer com o BE quer com o PCP obrigaria a distender o Centro de Sócrates mas sobretudo de importantes apoiantes de Sócrates até atingir uma Esquerda mais clara, do BE ou do PCP.
A coligação com o PCP revestir-se-ia de algum simbolismo e, parece-me, podia ser interessante e importante do ponto de vista da intervenção política laboral e sobretudo da descentralização política, realidade que o PCP conhece bem devido a uma boa implantação autárquica, não tanto em número mas em obra.
A coligação com o BE significaria uma viragem para um local oposto: o meio urbano, educado e liberal atento e interessado num conjunto de discussões sociais que as mobilizam mas para que o resto do país são muitas vezes alheias e facilmente manipuláveis pelos velhos poderes instituídos. Esta coligação implicaria também mudanças ao nível económico que produziriam complicadas conciliações partidárias no médio prazo.Eis, em síntese, os cenários mais interessantes. O que, confirmando a necessidade de um voto à esquerda, não torna indiferente a opção. Embora por pior que ela seja nunca seja tão mau, nestas específicas eleições, do que votar à direita.
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