«Aquilo a que se chama "crise de representação" é muito visível em contactos eleitorais. o regime está em desertificação porque os mais novos não acreditam e os mais velhos não são livres. A taxa de abstenção, nos eleitores entre os 18 e os 25 anos, é altíssima. O voto cativo, a partir dos 65 anos, é horrível. Às novas gerações, a política diz muito pouco, as pessoas algo mais. Nos pensionistas, a dependência do príncipe que, anualmente, aumenta as reformas, como se não fosse um direito adquirido, é absoluta. Estas eleições vão decidir-se entre a vontade e o medo. De qualquer modo, o regime não vai por bom caminho.
Começaram as artimanhas. De cada vez que há eleições, sai o jackpot dos cheques. Os governantes espalham migalhas em todo o lado. Toma lá mil contos para um pavilhãozinho, dá cá os votos. Dou-te um subsídio para o lar, arranjo-te o tecto da igreja, entrego-te camas para o centro de saúde; em troca, esperamos "contrapartidas", eufemismo que significa, pura e simplesmente, corrupção dos votos. É uma lástima que isto seja assim, mas é.» [Destaques em bold nossos]
Paulo Portas, "Antes pelo contrário" in Independente, 11/Agosto/1995, p. 17.
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