quinta-feira, fevereiro 17, 2005

O Verdadeiro Visionário IV



«O PS e o PSD sabem, de ciência certa, o que vão ser os próximos anos. Comprometidos até à medula com uma certa política económica – a da moeda única – também conhecem as suas consequências. Os eleitores podem p”passar ao lado” da redução da inflação para metade e do corte de 500 milhões de contos no défice; a inflação e o défice é que não passam ao lado dos eleitores. O que nos espera, ainda para mais como o dogmatismo do “comércio livre” e das fronteiras caídas, é uma crise social sem precedentes. O objectivo da inflação impede qualquer pacificação salarial; o objectivo do défice obriga a renúncias sociais que o eleitor nem sonha, ou, então, a uma vaga de despedimentos na administração pública. Não se vê donde vem a confiança nem o investimento nacional. Vê-se o desemprego a disparar novamente e a economia produtiva a resistir mal ao choque externo. Alguns economistas podem considerar que tudo isto é fácil de lidar. Qualquer político percebe que o risco que corremos é o de ter, entre nós, uma revolta social gravíssima

Paulo Portas, “Antes pelo Contrário” in Independente, 28/Julho/1995, p. 23.
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(E eu esqueci-me de trazer para aqui as passagens sobre o uso de fatos, sobre a crise económica e o papel do Ministro das Finanças Catroga e sobre a candidatura de Cavaco a Belém. Esta última peça, em especial, é tão profética que nos aterroriza e nos deixa paralisados perante a Visão deste Homem. Não é que eu embirre em especial com ele; é só que quem com ferros matou, com ferros deve ser relembrado do que fez. E os montes de jornais velhos na arrecadação servem para isso.)

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