Confesso que um dos maiores ódios da minha existência foi o da invenção do “Correio Azul”, por isso tenho especial antipatia pelos CTT, enquanto instituição e, em particular, pelos seus órgãos de gestão. Excluo aqui, e para além da dona Lucinda do posto de Alhos Vedros, a generalidade dos(as) carteiros(as) que tenho vindo a conhecer, embora ultimamente a coisa tenha vindo a piorar de forma bem acelerada.
Na prática, aquela invenção (o Correio Azul) traduziu-se no pagamento de uma taxa pela prestação do mesmo serviço que anteriormente – entrega da correspondência no dia seguinte no território nacional – só que agora com a chantagem de pagarmos ou não nos fazerem o serviço.
Se o país tivesse aumentado de dimensão – tipo, se tivéssemos reanexado Olivença - , se a população tivesse aumentado sensivelmente – não, não temos vindo a fazer assim muito mais bébés e os imigrantes que para cá vêm escrevem para Cabo Verde, Angola, Ucrânia ou Geórgia, onde não existe este tipo de esperteza de dar cores ao correio – ou se os meios de comunicação tivessem regredido para o tempo da carroça, eu ainda percebia a a ideia. Pagaríamos adicionalmente por um serviço mais complicado de executar. Mas nada disso aconteceu e foi apenas uma forma saloia de aumentar receitas à custa de nós, estupidozinhos. Na prática, o que antes demorava um dia agora leva quatro e, mesmo com o selo Azul (e a gora já existe Correio Verde e tudo), ninguém nos garante que chegue quando prometem.
Mas enfim, não é isso que agora me interessa. O que interessa, é que a gestão dos CTT quer fechar dezenas ou mesmo centenas de dependências em nome da racionalidade económica, transferindo a sua função para outras instituições ou privatizando-as.
Raios partam esta raça de gestores sem vergonha.
Não serão os Correios um dos serviços de utilidade pública mais óbvia ?
Não será obrigação do Estado alargar a rede para servir, e bem toda a gente, sem este tipo de critérios de mesquinha racionalidade ?
Será por viver numa freguesia com uma razoável área e já bastantes milhares de habitantes – mas sem um estação de correio capaz, com um espaço para o público menor do que a minha sala e a que sou obrigado a ir sempre que o carteiro não me pode trazer uma revista ou uma encomenda porque traz o saco atafulhado de publicidade a grandes superfícies – que me sinto especialmente irritado ?
Não haverá um nível mínimo de decência a respeitar em tudo isto ?
Vamos voltar a comprar selos e a receber a correspondência na mercearia da esquina ? A mesma mercearia que está em vias de extinção, graças à grande superfície cuja publicidade o carteiro simpaticamente deposita na minha caixa de correio ?
Será isto o progresso ?
Se calhar é, eu é que estou a ficar antigo!
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1 comentário:
Tem alguma razão.Eu tenho um postal enviado há 55 anos e chegou no dia seguinte...Pois, agora, há que seleccionar a prioridade, se são contas vencidas -correio normal, se quero receber algo rápido-correio azul.
Nós quando queremos algo muito rápido até vamos à China procura-la.
Assim Correio, é só escolher. Uma estação do correios é chata, mas quem lá vai também não ajuda, quantas vezes nem levam os documentos assinados, tenho que esperar que procurem o bi, uma caneta, e os outros que esperem...
Nem se dignam a olhar para o funcionário, é mais um criado à nossa espera.Respeitem os pessoas..
Porque ainda não respiramos pela internet, não fazemos amor, haja o desejo de receber uma carta, abri-la e ler...Maria
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