quarta-feira, fevereiro 09, 2005

Sou um reaccionário empedernido

«Confira o balanço da quinta edição do FSMA maior edição do Fórum Social Mundial realizada até aqui encerrou-se dia 31 de janeiro, com a leitura do balanço em números do V FSM, e as definições do Conselho Internacional para 2006 e 2007. Na marcha que marcou o início do Fórum em Porto Alegre, estiveram presentes mais de 200 mil pessoas. No total, foram155 mil participantes, sendo 35 mil integrantes do Acampamento da Juventude e 6.880 comunicadores. Pessoas de 135 países estiveram envolvidas em 2.500 atividades, e 2.800 voluntários trabalharam na realização do encontro. Ficou definido que em 2006 o Fórum Social Mundial será descentralizado, realizado em vários lugares do mundo, e, em 2007, será na África. »

Descubro que sou um reaccionário empedernido sempre que se reúne o Fórum Social Mundial, em Porto Alegre, como contraponto ao Fórum Económico Mundial, em Davos, na Suiça.
À excepção do primeiro FSM, que produziu sensação pela grandeza da iniciativa, os que se lhe seguiram vejo-os como uma reunião alargada de um grupo de amigos que, mesmo se bem-intencionados alguns, não passa de uma irrelevância fora do Brasil. Tirando alguns grupúsculos pseudo-esquerdistas, ninguém verdadeiramente importante, com poder para decidir o que interessa, dá grande atenção à coisa e o Bono dos U2, sozinho ou ocasionalmente acompanhado, em Davos, consegue mais resultados do que aquela malta toda ao sol de Porto Alegre, a ouvir o Gilberto Gil ora a falar, ora a cantar, ora como político, ora como músico (é giro, mas chega uma ou duas vezes).
Alguém acredita que com 6880 comunicações se chega a algum lado ? Que de tamanha concentração de quantidade nasce necessariamente qualidade e relevância ?

De cá, com o Bloco em campanha, lá foram o Saramago (um dos elementos do nosso tridente ultra-esquerdista gerontocrático, juntamente com Mário Soares e Freitas do Amaral) e o Boaventura Sousa Santos (aquele tipo de intelectual que se acha rebelde em relação ao Poder, mas que vive agarrado ao subsídio do Estado como uma lapa).
Confesso que já não tenho pachorra para isto.
Se querem reunir-se todos os anos, ou todos os meses, e debaterem lá o que lhes interessa, tudo bem. Se querem promover um mega-acampamento, tudo bem, também. Agora não o façam é em nome da defesa dos pobres do Mundo porque, esses, de palavras e promessas estão fartos.
Quero ver em 2007, quando o Fórum se realizar em África, como vai ser e quantos lá aparecem.
É que Porto Alegre, dizem-me, é uma cidade espectacular, mas Abidjan, Cartun, Freetown ou Kinshasa são outra coisa.

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