segunda-feira, julho 30, 2007

O 25 de Abril e o PCP

O MFA foi um movimento de militares (essencialmente de Capitães), que estavam insatisfeitos com a sua carreira militar e que viam na guerra colonial em três
frentes Angola, Moçambique e Guiné-Bissau um problema bicudo, pois não conseguiriam vencer nas três frentes simultaneamente e por isso viam a sua carreira
militar problemática.

O Livro de Spinola, "Portugal e o Futuro", preconizava uma negociação independentista para a Guiné-Bissau onde a guerra estava ganha pelo PAIGC devido ao apoio da Guiné-Konakri e da França a esse movimento.

As guerras em Angola e Moçambique teriam ser negociadas com as populações locais, os nativos, os colonos e os movimentos "independentistas", alguns patrocinados pelos EUA e outros pela URSS, mas não o foram devido ao golpe de estado de 25 de Abril de 1974.
A queda do regime ditatorial Salazarista / Marcelista foi culpa da visão tacanha e não negocial de Salazar e depois Marcelo Caetano com os EUA, com a URSS e com a Europa mas principalmente, foi uma falta de visão estratégica de Salazar não ter começado logo depois da segunda guerra, uma autonomização dos governos das colónias com governos regionais eleitos pelos próprios cidadãos dessas colónias. Uma federação de Estados teria sido possível posteriormente e não teria acontecido a descolonização "exemplar" a que assistimos depois.

O PCP é um elemento alienígena nesta questão Nacional e nada teve a ver com a queda do regime em 25 de Abril de 1974.Salvaguardo a possibilidade de terem existido desígnios e directizes dadas pela URSS ao PCP durante o seu 4º Congresso, mas esse congresso foi em 1946 e o 25 de Abril, 28 anos depois... A importância que o PCP teve posteriormente e durante o PREC, até 1975 nos governos provisórios e especialmente no 5º governo de Vasco Gonçalves, foram fruto de negociações estratégicas de delimitação de influências entre a URSS, (Pacto de Varsóvia) e os EUA, (NATO).

O PCP não teve por isso a mínima importância no Movimento dos Capitães, que levaram a cabo o golpe de Estado que desencadeou a Revolução dos Cravos,
apenas oportunistamente e com o apoio da URSS e a tolerância estratégica negociada dos EUA, o PCP pode inventar essa sua importância histórica na luta pela independência das colónias Portuguesas, quando o seu interesse por essas colónias só surge em 1946 e por indicações específicas da URSS, para que passem para a esfera de influência da URSS, pois até então a questão colonial tinha sido um assunto completamente ignorado por este partido internacional, o PCP, que pura e simplesmente ignorava e omitia esse assunto, dado o PCUS ainda não ter opinado sobre esta temática.

11 comentários:

O Broncas disse...

Isto está mal tratado. Nem oito nem oitenta...

AV disse...

O meu camarada co-editor está lixado com o Executivo da Concelhia...

AV disse...

O PCP não se esgota nesta análise, o seu histórico é demasiado grande para ser apenas visto de um só
ângulo. Um partido são os seus militantes, não só os seus dirigentes,o PCP é um partido que sempre foi orientado pela história da URSS, especialmente nesta questão de esferas de influência dos dois blocos, o de Leste e a NATO. Os seus militantes de base, os anti-fascistas que foram presos e torturados pela PIDE, alguns familiares nossos também, não conheciam os verdadeiros contornos da política interna da URSS e consideravam-na como um paraíso terreal, devido à forte máquina de propaganda desse estado totalitário, por isso militavam e até morriam por um ideal que eles julgavam ser um modelo onde se podiam alcançar os tais "amanhãs que cantavam", também a UDP e o PCP-R, se reviam em modelos como a Albânia, que hoje se sabe ter sido uma ditadura pessoal sangrenta, mas que encapuçada por uma máquina propandística forte e onde a censura era total se apresentava como o modelo Stalinista perfeito de sociedade sem classes.
A direcção do PCP, não é por isso igual aos militantes do PCP, são coisas distintas. Acredito na honestidade e na postura nacionalista desses militantes para que aqui em Portugal se atingisse uma sociedade sem classes onde os direitos dos trabalhadores prevalecessem sobre os direitos dos detentores do capital.
A praxis desses regimes "socialistas-modelos" é que estavam totalmente distorcidos da ideologia Marxista original que preconizava uma sociedade sem estado, o Comunismo Libertário e nunca passaram do "Socialismo ditatorial", mas volto a frisar que os militantes de base do PCP não o sabiam e a oposição organizada ao regime de Salazar / Marcelo estava no PCP.
A orientação actual do PCP terá de ser revista e agora que os pseudo-modelos estrangeiros faliram é a altura do PCP, defender os trabalhadores da nossa Pátria, Portugal e preconizar uma alternativa Libertária, que se aproxime dos ideais Marxistas originais e do Anarquismo, ou seja do Comunismo Libertário, mas essa orientação terá de ser questionada dentro do próprio PCP, pelos militantes do PCP, embora eu esteja a trabalhar numa fórmula Matemática, que poderá viabilizar esta terceira via para o PCP e para todo o Comunismo, por via a aproximar a teoria da prática e assim tornar o PCP aberto aos ideais Anarquistas, como hoje já acontece com o DKP Alemão.

AV2

Anónimo disse...

Finalmente! Alguém que tem a honestidade de dizer o que realmente foi o 25 de Abril.

Quais Revolução quais carapuça. Um golpe de Estado, e por algumas pessoas que eu até conheci do outro lado, consentido e apoiado pelo próprio Marcelo Caetano por ser a única forma de mudar o Governo e resolver a situação do Ultramar, já que certas forças verdadeiramente reacionárias o impediam.

As pessoas por vezes esquecem -- ou nem sabem -- que o primeiro "Programa do MFA" que eu tenho para ali para um caixote falava de um referendo ao povo português sobre a descolonização e na versão final ainda falava de "Condições para um debate franco e aberto, a nível nacional, do problema ultramarino" que logo de seguida foi desvirtuado pelo PCP e pelo sr Rosa Coutinho (do qual também tenho umas cópias autênticas de uns telex muito interessantes). Já para nem falar da pulhice posterior do Palma Carlos e da libertação do filhinho de Timor, mas isso agora ainda deve ser segredo de Estado.

Outra coisa bem interessante é perceber que o Costa Gomes só entrou na intentona já bem no fim do caminho tendo aí os mais ligados ao PCP tentando controlar o caminho para onde deveria seguir o projecto, ao arrepio do inicialmente planeado pelos outros.

Ainda há muita documentação que, infelizmente, só teremos conhecimento oficial depois dos seus intervenientes terem morrido OU haveria aí alguns "meninos" que seriam seguramente julgados por Alta Traição à Pátria.

Anónimo disse...

Estão a ver como é perigoso ter certo tipo de comentários. A reacção anda à espreita.

Este idiota de cima fala do 25 de Abril como um Golpe de Estado. Estado, qual estado? Estes fascistas estão à espretita e aí meus amigos que venham 50 Sócrates. A discussão política não pode ir por esses caminhos. A nossa democracia não é perfeita mas permite que bestas como a do comentário de cima possam escrever o que este animal escreveu, coisa que o 25 de Abril permitiu.

AV disse...

Não é nada perigoso é até muito importante, a verdade tem de ser toda exposta.
Perigoso é o sistema moiteiro e amoitado em que temos vivido desde o 25 de Abril, aqui no actual concelho da Moita.

AV2

AV disse...

Não é assim que se derrota o inimigo, caro anónimo, o regime Salazarista / Marcelista caíu de podre e não apresentou soluções atempo para a Guerra Colonial, evidentemente que a reacção já não anda à espreita, ela está no poder.
Temos é de a combater e para isso não podem haver omissões, o direito à informação é uma coisa que já vem de longe...

AV2

Anónimo disse...

Pois mas diabolizar o PCP não deve ser o caminho.

A esquerda e as pessoas de esquerda (as poucas do PS, do BE e do PCP- até junto alguns enganados do PSD) devem deixar as tricas e começar a trabalhar em conjunto.

Anónimo disse...

Trabalhar em conjunto com quem?
Com essa xunga que tudo controla?

Nem nos façam rir...

Anónimo disse...

Caro anónimo das 3:42pm

"Este idiota de cima fala do 25 de Abril como um Golpe de Estado. Estado, qual estado?"

Idiota é o meu amigo. E além de idiota, ignorante.

Vá lá lêr os links que deixei e se puder faça lá umas pesquisasinhas.

Quando os arquivos de tudo o que nestes anos tem sido classificado como "Segredo de Estado" estiver realmente disponível, e sem ser só para alguns protegidos intelectuais que têm muito a perder se mostrarem certas coisas, é que vamos perceber bem o nível da traição de alguns e a qualidade da Revolução de outros.

Eu, por mim, tenho suficientes documentos que já davam para condenar alguns filhos da puta deste país por Alta Traição. Infelizmente como são classificados de "Segredo de Estado" eu é que me arriscava a ser preso só por se saber que os tinha em minha posso.

Não me fale de democracias e de democratas que isto que os "camaradas" e os "companheiros" nos criaram é tudo menos isso.

Antes era o Fado, Fátima e Futebol e agora é cada vez mais o Futebol, Fátima e até já o Fado.

Passar bem.

Anónimo disse...

Artigo 7.°
Salvaguarda da acção penal

As informações e elementos de prova respeitantes a factos indiciários da prática de crimes contra a segurança do Estado devem ser comunicados às entidades competentes para a sua investigação, não podendo ser mantidos reservados, a título de segredo de Estado, salvo pelo titular máximo do órgão de soberania detentor do segredo e pelo tempo estritamente necessário à salvaguarda da segurança interna e externa do Estado.

Artigo 8.°
Protecção dos documentos classificados

2 - Quem tomar conhecimento de documento classificado que, por qualquer razão, não se mostre devidamente acautelado deve providenciar pela sua imediata entrega à entidade responsável pela sua guarda ou à autoridade mais próxima.

Artigo 10.°
Dever de sigilo

1 - Os funcionários e agentes do Estado e quaisquer pessoas que, em razão das suas funções, tenham acesso a matérias classificadas são obrigados a guardar sigilo.
2 - O dever de sigilo a que se refere o número anterior mantém-se após o termo do exercício de funções.
3 - A dispensa do dever de sigilo na acção penal é regulada pelo Código de Processo Penal.

Artigo 11.°
Legislação penal e disciplinar

A violação do dever de sigilo e de guarda e conservação de documentos classificados como segredo de Estado pelos funcionários e agentes da Administração incumbidos dessas funções é punida nos termos previstos no Estatuto Disciplinar dos Funcionários e Agentes da Administração Central, Regional e Local, no Código de Justiça Militar e no Código Penal e pelos diplomas que regem o Sistema de Informações da República Portuguesa.

in Verbo Jurídico

Acho que basta para esclarecer o idiota ignorante lá mais acima.