sexta-feira, fevereiro 18, 2005

Quatro anos são muito tempo...

Na sequência da publicação das sondagens de hoje, ouço e vejo sucessivos apelos à maioria absoluta do PS, em nome da estabilidade governativa.
Agora, todos querem embarcar no cacilheiro que parece ir chegar muito à frente ao cais. Os mais oportunistas, querem ver se vivem quatro anos à tripa forra (lá vai ser um corropio de nomeações). O Centrão quer instalar-se.
Os mais inteligentes (Paulo Gorjão, no Bloguítica), já argumentou que a maioria absoluta é necessária para responsabilizar o PS pela sua governação e ser possível cobrar a factura no fim da legislatura.
Esta leitura enferma de vários vícios de análise:
a) Os Governos de Guterres, Durão e Santana não acabaram por falta de maiorias parlamentares, mas por implosão, degenerescência ou interesses pessoais. Guterres caiu porque quis cair, quando viu que não conseguia ter mão na malta. Durão caiu, porque saiu para poiso que achou melhor. Santana caiu, porque o poleiro para que subiu, para seu desgosto, é mais escorregadio do que pensava. A maioria PSD/CDS não caiu por ser uma coligação, mas por implosão no PSD.
b) Cavaco obteve e manteve duas maiorias absolutas graças à sua capacidade pessoal de liderança e à sua ligação directa ao eleitorado, pouco permeável às “bocas” e aos “bitaites” de ocasião. Mesmo assim, os seus apaniguados iam transformando Portugal no seu quintal particular e desde 92/93 a coisa já tinha descambado.
Ora bem, isto parece demonstrar que as maiorias, por si só, não explicam tudo.
Mais importante: QUATRO ANOS É MUITO TEMPO DA NOSSA VIDA.
Eu não quero estar quatro anos a ver os navios passar, todos para o mesmo lado.
Quatro anos, se não chegam para endireitar isto, são suficientes para muita asneira.
Lembrem-se do que se passou mesmo agora... de tanga estávamos, com a parra ficámos.
E eu não estou preocupado, se há ou não desculpas no fim.
Estou é preocupado com a asneirada feita pelo caminho.
QUATRO ANOS nas mãos do PS deixado a si mesmo e aos seus demónios é um risco excessivo. Não me repugna que voltem figurões como Vitorino ou Coelho (já devem estar melhor alimentados e menos ávidos do que estavam em 95) ao Poder; assusta-me é que voltem sem controlo.
Sampaio não pode, a partir de agora, fazer nada.
Se Guterres vai para a Presidência, com um PS centrista, estamos arrumados de vez.
Ainda me fazem votar no Cavaco.
Por isso, nada de cheques em branco.
Eu quero um cheque visado.
Quero vitória à esquerda, clara e esmagadora, mas sem absolutismos.
QUATRO ANOS É MUITO TEMPO !!!
LEMBREM-SE DISSO !!!

Aprendam com o passado.

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