sexta-feira, março 24, 2006

A coerência segue dentro de momentos

Todos nos lembramos da, para mim correcta, insistência de Sócrates em só rever a lei do aborto com o recurso a novo referendo, mesmo tendo o Parlamento legitimidade democrática para o fazer sem a consulta popular.
Não deixa, por isso, de ser curioso, que agora o Partido Socialista esteja a avançar, na prática, com um processo de regionalização em que inverte o princípio anterior, pois está a desenvolver todas as medidas de criação de cinco regiões administrativas (pelo menos o modelo menos mau), só submetendo a ideia a referendo na próxima legislatura quando a sua concretização já se mostrar (quase ?) um facto consumado.
Para mim é claro que as situações são equivalente e que o mesmo princípio de acção devia nortear os dois processos.
Ou se é pela legitimação das alterações por via do referendo - e isso é válido para ambos os casos - ou se acha que a coisa pode ir avançando sem essa consulta, só a ela recorrendo às últimas, como uma formalidade do tipo, vá lá aprovem lá isto que já está a funcionar.
Curiosamente, mantêm-se até 2009 os governadores civis, como cosmética de que tudo está na mesma e porque, no fundo, sempre são mais 18 gabinetes para arrumar rapaziada amiga.
Em tudo isto, a seriedade política é inversamente proporcional ao chico-espertismo táctico e à coerência, mas também não é nada que já nos consiga admirar.

AV1

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