Falsas questões e cortinas de fumo

Com uma periodicidade semanal, resultante das sessões de brainstorming, alguns bloguistas locais tornaram-se especialistas em levantar ou reavivar velhas falsas questões para mostrarem serviço e, ao entreterem um pouco a malta, tentarem desviar as atenções do que interessa.
Esta semana, tendo já respondido à que me dizia respeito mais abaixo e tendo isso ajudado a que se percebesse finalmente que um comentador de nick saltitante afinal sempre é quem se pensava, (res)surgiram mais duas falsas questões, uma levantada pelo Nuno Cavaco, à laia de gambuzino (a questão, claro, que é para não enxofrar de novo o rapaz e ser chamado disto e daquilo pelos guarda-costas), e outra requentada por um qualquer paparuco que já nem me lembro quem foi.
Não sendo eu do PS ou alguma vez tendo votado neles, vou fazer a sua defesa, pelo que espero que na altura de serem distribuídos incentivos à produção de conteúdos para a net, se lembrem de nós e nos mandem um borrego pelo Natal e, antes disso, um leitão assado da Bairrada.
Vamos por partes:

1) Com uma perspicácia que só atinge aos fins de semana, NC questiona a legitimidade de partidos que só aparecem a fazer campanha localmente 6 meses antes das eleições, prometendo tudo e mais alguma coisa e desaparecendo depois.
Isto é muito giro vindo de quem vem, pois na CDU existe uma força política que nunca foi isoladamente a votos e que deve ter tanta expressão eleitoral como o POUS. Gostava de ver Os Verdes concorrerem a umas eleições a que o PCP também concorresse, para contabilizar o resultado final.
Por outro lado, é verdade que a oposição local só faz campanha meses antes das eleições, enquanto a situação a faz durante todo o mandato, só assim se explicando a ocupação de vastos espaços em outdoors com "informação" de obra feita e por fazer (as obras na Avenida 1º de Maio vão estar ali anunciadas até ao dia de são-nunca), excepção, é claro, à que já foi atirada de novo para final do mandato (Piscina da Moita, por exemplo), ou que foi preciso corrigir porque omitia quem dava a maior parte do dinheiro (Pavilhão da Escola José Afonso).
Para finalizar este ponto, destacar ainda que a situação local também não se coíbe de usar publicações municipais para auto-promoção durante 4 anos, não abrindo nenhum espaço de debate no Boletim Municipal e reduzindo a divulgação do que se passa nas sessões de vereação, aos resultados e nunca às discussões., como se o dinheiro do orçamento servisse só para promoção do poder.
Mas enfim, alguém terá achado que a atoarda era gira de atirar...

2) Há quem volte a questionar o abandono das sessões de vereação pelos vereadores do PS eleitos como efectivos, por terem outro tipo de interesses. Concordo em absoluto, pois até já tinha antecipado que isso se passaria. Já acho mais estranho que a a argumentação usada para legitimar a sucessão de João Lobo na Presidência da CMM, depois de afastarem o embaraço que começava a ser João de Almeida, não sirva para legitimar a passagem de Vitor Cabral a vereador. Então o caríssimo senhor Presidente era legítimo porque vinha a seguir na lista (mas não era ele o candidato à presidência), e todos os outros que subiram um lugar eram legitimos, incluindo quem entrou por último, mas já para a Oposição o princípio não serve ? Então quem votava antes sabendo que se este saísse ou outro entrava, já não é válido para os outros ?
Não me interessa que venham escrever que eu estou aqui a defender fulano de tal. Sei que a maior parte das pessoas com quem falo não estima particularmente o percurso político do VC, mas eu como mal o conheço em termos pessoais, tanto se me faz. Assim como critiquei outra pessoa do PS, mas achei rasteiras as insinuações que sobre ele fez um seu conterrêneo banheirense, também posso discordar de VC em muito e, apesar disso, defender a sua legitimidade como vereador usando os mesmos critérios que para os opinadores locais da CDU serviram para justificar as subidas ao poder da dupla dinâmica após as reviravoltas ocorridas no início do milénio.
E quem o critica de ter saído do PC, PSD ou lá o que foi para o PS, se calhar já não se incomoda com os "meus" ou os "mentes" que, na falta de renovação do tacho se passaram para o outro lado da barricada e desataram a votar com a maioria ou a passar informações ao antigo adversário.
Em tudo isto a vergonha e a coerência têm perninha muito curta, mas a língua comprida.

No meio disto tudo, só lamento terem de ser almas como a minha a terem de vir confrontar certos opinadores de verdade múltipla com as suas incongruências, mesmo que à custa de mais uma revoada de ofensas na tertúlia do costume.
Porque, como diria o Pimenta Machado, para este pessoal o que hoje é verdade, amanhã pode ser mentira.
É a chamada verdade dinâmica, ou verdade em movimento.
Tudo muito, demasiado mesmo, pós-moderno para o meu gosto.

AV1 (em forma de alvo à espera dos tirinhos da ordem, em nome da liberdade de expressão, pois como sou cara-pálida comigo nunca é racismo, nem palavrão)