Nada como lermos a obra de um dos grandes pensadores ligados ao urbanismo moiteiro para apreendermos a dimensão do fenómeno, assim como outros aspectos extremamente interessantes sobre o seu passado profissional, a sua avaliação da importência dos PDM de 1ª geração e ainda o papel fulbral da chamada Região de Lisboa e Vale do Tejo.
Eis duas citações a preceito:
«A concepção e redacção do DL 208/82 beneficiou, em muito, da experiência da elaboração do PDM de Évora, que decorreu entre 1978 e 1981, tendo alguns técnicos que integraram a equipa do PDM de Évora participado na concepção e formatação do diploma. Mas, se tal facto ajuda a explicar a sua avançada concepão, isso não obstou a que esta legislação viesse a revelar profundos desajustamentos quando confrontada com as realidades dos nossos sistema estatístico e administrativo. Poder-se-á dizer, hoje, que se tratou, para Portugal, de um conceito demasiado avançado para o seu tempo.
Contudo, a eficácia da primeira legislação sobre os planos directores municipais foi muito limitada. Nos seus oito anos de vigência só foram aprovados cinco PDM, a saber: Évora, Mora, Ponte de Sôr, Moita e Oliveira do Bairro.»
Em nota de rodapé o autor acrescenta:
«Quatro destes cindo PDM - Évora, Mora, Moita e Ponte de Sôr - foram elaborados pela equipa coordenada pelo Arqtº Luís Bruno Soares. Tive o privilégio de integrar essa equipa, trabalhando nos domínios da habitação e da programação de investimentos. Não tenho dúvidas em reconhecer, hoje, que foi a melhor "escola de urbanismo" que tive ao longo da minha vida profissional.»
(A. Fonseca Ferreira, Gestão Estratégica de Cidades e Regiões, Lisboa, 2005, p. 88)
Não sei o que vocês acham, mas estas linhas explicam muita coisa.
Acerca do que é uma "escola de urbanismo".
Acerca do que então não se sentia serem incompatibilidades entre elaboração de legislação e a sua aplicação.
Acerca da qualidade da habitação e dos investimentos feitos no concelho da Moita com base nesse PDM.
Acerca de certas ligações e promiscuidades.
Acerca de hábitos que permanecem e se acham naturais.
Mas há outras passagens interessantes nesta obra com apenas dois anos e prefaciada por Jorge Sampaio.
Isto não há nada como ter amigos bem posicionados.
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