sábado, outubro 02, 2004

A Educação por cá

Este fim de semana tivemos direito ao ranking das Escolas no que se refere aos exames do 12º ano, com o Expresso a apresentar aquele que normalmente serve de base para mais análises da questão.
Vejamos então como estamos pelo concelho da Moita, no contexto nacional e da península de Setúbal:

Média dos Concelhos

Superior a 10,5 valores: nenhum.
Entre 9,5 e 10,4: Almada Seixal, Barreiro, Palmela, Setúbal.
Entre 8,5 e 9,4: Alcochete, Moita e Sesimbra.
Abaixo de 8,5: Montijo.

Escolas (num universo de 554 com mais de 100 exames):

ES Moita – 471º lugar (desvio de 4,4 valores entre as notas internas e a dos exames)
ES Baixa da Banheira – 486º lugar (também 4,4 valores de desvio)

Só para dar um ponto de comparação, tão mal no seu conjunto, no contexto da península de Setúbal, só as escolas do Montijo (547ª lugar para a Poeta Joaquim Serra, com um desvio de 4,9 valores e 439º para a Jorge Peixinho, com um desvio de 4,1).
As escolas do Barreiro foram todas melhores (Santo André em 279º lugar, Casquilhos em 313º, Alfredo da Silva em 336º, Santo António em 407º, Augusto Cabrita em 463º); as do concelho de Palmela também (Pinhal Novo em 323º lugar e Palmela em 388º). Até a de Alcochete ficou em 413º lugar.

É fácil tirar as conclusões, apesar das justificações que já se adivinham perante esta desgraça.
Em termos educativos, o concelho da Moita é o pior da região, só com comparação ao Montijo e Alcochete. Curiosamente, são os concelhos que se reclamam de trradições taurinas. Como andam em disputa com os bois, os jovens moiteiros não têm depois tempo para estudar. Eu sei que o pessoal de Alhos Vedros também passa pelas secundárias do concelho mas, por experiência de quem lá andou, sinceramente acho que impedem que as médias ainda sejam piores e fazem o possível num ambiente hostil; passaram já quase 25 anos mas lembro-me bem do que foi resistir à mediocridade moiteira. A custo arranquei uma média de 16 no 10/11º (e muito sofri para o efeito, pois o que era bom na época era chumbar e ser estúpido) mas logo que cheguei à Seundária Alfredo da Silva, no início dos anos 80 uma escola enorme mas minimamente capaz, subi no 12º logo para os 18. A escola da Baixa da Banheira ainda tem a desculpa de ter os alunos carenciados e problemáticos da zona do Vale da Amoreira, mas a escola da Moita só se pode queixar de si própria.
Reparemos ainda que, no caso da Moita e do Montijo, temos os concelhos onde é visível a maior discrepância entre vaidade e capacidade. Não há nada tão vaidoso como um montijense ou um moiteiro de gema. São gabarolas até mais não, quando têm algum dinheirinho são absolutamente insuportáveis, mas são ignorantes como tudo. Aliás, lá para trás já dissertámos (post “O aspecto e o comportamento do moiteiro” no primeiro mês de vida deste blog) sobre este desfasamento entre a confiança do moiteiro em si mesmo e a sua congénita ignorância.
Por tudo isto, e muito mais, o resultado do ranking das escolas não nos surpreendeu.
A falta de qualquer tipo de educação nas suas mais variadas vertentes é, em especial entre as auto-proclamadas elites, um traço definidor dos(as) moiteiros(as).


Sem comentários: