Na vila havia também dois clubes de futebol, o Graça e o Internacional. Este, apesar do seu nome pomposo, era o mais pequeno e pobre. A sua sede era num barracão que existiu no largo onde se fazia o mercado mensal da vila e cujo dono a gente nunca chegou a saber quem era. Quando a reunião não agradava a uma das facções do Club, com uma paulada dada no gasómetro a carboreto, pendurado numa das traves do barraco, tudo ficava às escuras e, assim, acabava a reunião... e assim também, pouco tempo depois acabava o Internacional Futebol Club... que, a maior parte do tempo nem bola tinha e cujos jogadores, para puderem jogar, tinham de pagar uma cota mensal... e cujo campo era ali mesmo naquele largo do mercado, tendo a prejudicá-lo umas quantas oliveiras por ali espalhadas, contra as quais, na cegueira de correr atrás da bola, quantas vezes nos chocávamos contra elas...
O Graça, nos primórdios da sua existência jogava no largo da Graça. Daí o nome do Club. O seu campo de futebol estava muito longe de possuir as mínimas medidas recomendadas pelas leis da FlFA, entidade que, então, nem conhecíamos... nem fazia falta para ser tudo mais fácil.
De um dos lados do campo-se é que àquilo se podia chamar um campo de futebol - havia um paredão, a todo o seu comprimento, de uns quatro metros de altura, contra o qual, o jogador que tinha a bola nos pés, ao ser atacado pelo adversário, a chutava contra o muro, para a receber de volta mais adiante, e, assim, faziam todos. Esta faculdade valia para os dois «times», porque, assim, antes do jogo ser iniciado, era acertado entre as partes e sua senhoria o árbitro, ao qual nós chamávamos de «referee», mas se pronunciava de «réfe».
Um dos paus da baliza, lá do lado de cima - e digo «lá do lado de cima» porque o campo do Graça Futebol Club tinha um declive de uma baliza à outra, de cerca de um metro - era o tronco de uma velha oliveira. Enquanto isso, a baliza do lado de baixo era composta de três paus, que eram seguros por adeptos do quadro que defendia a baliza. Por isso, quantas vezes, uma bola, ao dar a impressão que ia entrar no golo, as balizas eram puxadas para o lado contrário, o que, de vez em quando, resultava tudo terminar num baile de pedrada e de porretada de criar galo na cabeça de muita gente... e a minha que o diga, que, por duas vezes, teve de «ser levada» à farmácia para ser tratada. . .
O Graça, nos primórdios da sua existência jogava no largo da Graça. Daí o nome do Club. O seu campo de futebol estava muito longe de possuir as mínimas medidas recomendadas pelas leis da FlFA, entidade que, então, nem conhecíamos... nem fazia falta para ser tudo mais fácil.
De um dos lados do campo-se é que àquilo se podia chamar um campo de futebol - havia um paredão, a todo o seu comprimento, de uns quatro metros de altura, contra o qual, o jogador que tinha a bola nos pés, ao ser atacado pelo adversário, a chutava contra o muro, para a receber de volta mais adiante, e, assim, faziam todos. Esta faculdade valia para os dois «times», porque, assim, antes do jogo ser iniciado, era acertado entre as partes e sua senhoria o árbitro, ao qual nós chamávamos de «referee», mas se pronunciava de «réfe».
Um dos paus da baliza, lá do lado de cima - e digo «lá do lado de cima» porque o campo do Graça Futebol Club tinha um declive de uma baliza à outra, de cerca de um metro - era o tronco de uma velha oliveira. Enquanto isso, a baliza do lado de baixo era composta de três paus, que eram seguros por adeptos do quadro que defendia a baliza. Por isso, quantas vezes, uma bola, ao dar a impressão que ia entrar no golo, as balizas eram puxadas para o lado contrário, o que, de vez em quando, resultava tudo terminar num baile de pedrada e de porretada de criar galo na cabeça de muita gente... e a minha que o diga, que, por duas vezes, teve de «ser levada» à farmácia para ser tratada. . .
Para maior descanso às leis de futebol da época e também porque não havia outro campo onde jogar, no meio do campo havia um poço, com um gargalo acima do chão, aí de um metro de altura, cuja água, puxada a corda e balde, servia para abastecimento da vizinhança, na lavagem de roupa e, muitas vezes, também para beber. Por essa razão o poço não podia ser tapado. Acontecia que, de vez em quando, no decorrer da partida, a bola ia parar lá no fundo do poço, o que causava risota geral a toda a respeitável assistência ali presente... e, entre baixar ao fundo do poço e recuperar a bola, lá se iam uns quatro ou cinco minutos, e às vezes mais, conforme o interesse do quadro, cujo jogador ou assistente ia recuperara a bola... até que um dia, um «grande sabichão», inventou, durante o jogo, tapar o gargalo do poço com uma rede, o que foi uma grande descoberta e maior facilidade para a boa marcha do jogo.
Do outro lado do campo, o lado paralelo ao muro, havia um grupo de velhas casas, rés-do-chão, mais ou menos aí de uns três metros de altura, cujas telhas eram mais as quebradas pelas bolas que caíam em cima do telhado, que as inteiras.
Quando a bola era apanhada por um dos donos de uma dessas casas, ou quando a bola entrava pela casa dentro e fazia em cacos os objectos de enfeito havidos sobre as cómodas, aí o jogo parava, o jogo ou os treinos, e só depois do ajuste de contas, ante as lamúrias e a exposição dos prejuízos causados, é que a bola era devolvida, depois de muitas juras e promessas dos danos serem liquidados logo após o término do jogo, o que era feito diante de testemunhas...
Mas... como quase sempre esses jogos terminavam em pancadaria, principalmente quando o jogo era com a malta da Moita do Ribatejo, aquilo terminava em debandada geral, no meio de muita correria, muita porrada e algumas porretadas, que era ver quem mais se podia pôr a salvo... e as juras e promessas de pagamento ficavam para serem liquidadas no próximo jogo, ante os raios e coriscos dos prejudicados.
E assim eram. .. eram e devem ainda ser, todos os acontecimentos de todos os pequenos meios populacionais. Apesar de tudo, aqueles acontecimentos, analisados hoje, a tantos anos de distância, não só nos enchem de saudade, como também não deixavam de constituir motivos, cujos comentários davam vida à pequena população da vila.
Do outro lado do campo, o lado paralelo ao muro, havia um grupo de velhas casas, rés-do-chão, mais ou menos aí de uns três metros de altura, cujas telhas eram mais as quebradas pelas bolas que caíam em cima do telhado, que as inteiras.
Quando a bola era apanhada por um dos donos de uma dessas casas, ou quando a bola entrava pela casa dentro e fazia em cacos os objectos de enfeito havidos sobre as cómodas, aí o jogo parava, o jogo ou os treinos, e só depois do ajuste de contas, ante as lamúrias e a exposição dos prejuízos causados, é que a bola era devolvida, depois de muitas juras e promessas dos danos serem liquidados logo após o término do jogo, o que era feito diante de testemunhas...
Mas... como quase sempre esses jogos terminavam em pancadaria, principalmente quando o jogo era com a malta da Moita do Ribatejo, aquilo terminava em debandada geral, no meio de muita correria, muita porrada e algumas porretadas, que era ver quem mais se podia pôr a salvo... e as juras e promessas de pagamento ficavam para serem liquidadas no próximo jogo, ante os raios e coriscos dos prejudicados.
E assim eram. .. eram e devem ainda ser, todos os acontecimentos de todos os pequenos meios populacionais. Apesar de tudo, aqueles acontecimentos, analisados hoje, a tantos anos de distância, não só nos enchem de saudade, como também não deixavam de constituir motivos, cujos comentários davam vida à pequena população da vila.
(ainda irá continuar...)
Sem comentários:
Enviar um comentário