Memórias curtas I
(estas são minhas)
Fruta da época
Agora que a época do figo acabou e a das laranjas ainda não abriu estamos no tempo das romãs e dos marmelos, fruta por excelência dos Outonos que se vão fazendo frescos.
Agora, para nossa tristeza, quase já só compramos romãs e marmelos nos super e hipermercados, provenientes dos pomares e estufas de Espanha, preços perfeitamente estranhos para quem cresceu a apanhá-las(os) directamente das árvores.
Nas últimas décadas foram a pouco e pouco desaparecendo por completo as árvores de fruto espalhadas um pouco por todo o lado em Alhos Vedros, em terrenos descampados, em quintas, terrenos ou apenas simples quintais.
Outrora, por cá, quem tivesse pouca vergonha e duas pernas para saltar um muro nunca passaria fome de fruta. Desde as bolas atiradas nos jogos do campo da “Largada”, que o Filipe Fonseca aqui recorda noutro texto, para dentro do laranjal que ficava para nascente só para se pedir autorização para lá entrar e, atrás da bola, virem umas braçadas de laranjas, ao esgueiranço entre a cerca de um terreno/quintal junto à Rua da Bemfadada onde existiam as figueiras com os maiores figos que já vi, tudo valia.
Romãs tinha-as do terreno de um avô e marmelos do quintal dos outros avós, mesmo se crus nem os conseguia provar. No entanto, nada sabia tão bem como a fruta, proibida, alheia, acabada de apanhar.
Infelizmente, isso dificilmente as novas gerações conhecerão, salvo uma ou outra nespereira, a figueira sobrevivente que ficava ao campo onde se jogava à bola e um ou outro laranjal que ainda sobrevive, como o que fica junto à Avenida Bela Rosa, até que se lembrem de urbanizar a coisa.
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