Memórias curtas II
Ir ao Cinema
Infelizmente já há muito não é possível ir ao cimena em Alhos Vedros.
Não sei se esta terra já teve muito ou pouco, pelos padrões das diferentes épocas.
A verdade é que, durante a minha vida, tem vindo a perder bastante.
Uma delas foi o cinema a meio da Avenida Bela Rosa.
Podia ser pouco confortável com os seus bancos de madeira e correntes de ar nas canelas, mas existia e esteve lá até à década de 70 acabar.
A primeira memória que tenho de ir ao cinema é dele.
Tinha uns 3 ou 4 anos e foi o filme «Os 10 Mandamentos» de Cecil B. De Mille e até hoje penso que os meus pais me levaram, porque não me quiseram deixar sozinho ou na casa de ninguém.
Do que me lembro com mais vivacidade foi que quando os sacanas dos egícios tentaram atravessar o Mar Vermelho e as águas, que se tinham levantado para os judeus fugirem, se fecham sobre eles apanhei um susto de morte e quase me borrei todo.
Depois, ou antes porque confesso que até hoje não consigo ver o filme sem um arrepio de terror infantil, quando o Charlton Heston levantou as tábuas dos ditos mandamentos e se dão os trovões e relâmpagos que enquadram a gravação dos mesmo nas pedras, eu fugi que nem um perdido pela coxia acima, em pânico, porque pensava que o mundo estava para acabar e o céu para cair naquele mesmo momento.
A custo fui apanhado pelo meu pai já quase na porta de saída.
Levado a ferros para o lugar, lá fui estoicamente resistindo a tudo o resto.
Penso que este é o maior elogio que se pode fazer ao cinema. Ter-nos dado algumas das maiores emoções da nossa vida.
E a mim, a primeira grande emoção foi nesse dia no velho cinema de Alhos Vedros.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário